Por Nadja Hartmann, jornalista
Quando se trata de vacinação infantil, qualquer questionamento sobre a eficácia da imunização é, sobretudo, um desserviço à saúde pública. Mais do que isso, é de uma irresponsabilidade negligente e perigosa. A maior prova disso é a queda na cobertura vacinal infantil no país.
Segundo dados do Ministério da Saúde, os índices que chegaram a 97% em 2015 caíram a 75% nos últimos três anos. Ao se questionar as orientações do Programa Nacional de Imunização sobre a vacinação contra a covid-19, levanta-se um véu de dúvidas sobre a eficácia da vacinação infantil como um todo, o que é mais do que suficiente para que pais deixem de vacinar seus filhos contra o sarampo e a poliomielite, por exemplo.
Pois foi isso que 10 vereadores de Passo Fundo fizeram ao aprovar uma moção de apoio, de autoria do vereador Rodinei Candeia (Republicanos), a um projeto de lei que tramita na Câmara dos Deputados, que visa proibir a inclusão da vacinação obrigatória para crianças de seis meses a cinco anos de vacinas consideradas como “não imunizantes”, entre elas, a da covid-19. O projeto é do deputado Paulo Bilynsky (PL), que é delegado.
Politização
A moção aprovada com um placar de 10 a nove causou indignação em alguns vereadores, entre eles o vereador Alberi Grando (MDB), que é médico. Segundo ele, o Programa Nacional de Imunização brasileiro é reconhecido mundialmente e a Anvisa avalia criteriosamente todas as vacinas antes de incluir no Programa.
— Acreditem na Anvisa. Delegado tem que cuidar da segurança e não da saúde — conclamou o vereador, que também acusou a moção de “inócua” e com claro viés político.
— Coincidentemente, todos que são contra a vacina, são de direita — afirmou.
Quem também se pronunciou contrária à Moção foi a vereadora Janaína Portella (MDB), declarando apoio à ciência e chamando a atenção para o perigo de politizar um assunto que se refere à saúde pública. Votaram contrários à moção os vereadores:
- Alberi Grando (MDB)
- Edson Nascimento (União Brasil)
- Ernesto dos Santos (PDT)
- Eva Valéria Lorenzato (PT)
- Indiomar dos Santos (Solidariedade)
- Janaína Portella (MDB)
- Luiz Valendorf (PSDB)
- Michel Oliveira (PSB)
- Regina Costa dos Santos (PDT)
Esclarecimentos
Falando em saúde pública, o vereador e líder do governo Gio Krug (PSD) esclarece que não responsabilizou a população pela superlotação da emergência do Hospital Municipal. Em pronunciamento na tribuna no dia 21, ele destacou a necessidade da população ser informada da possibilidade de buscarem outras unidades de saúde em função da reforma do Cais Petrópolis em vez de se dirigirem ao Hospital Municipal, mas garante que em nenhum momento quis “culpar” a população. Portanto, está esclarecido...
Aliás, o vereador também esclareceu a esta coluna sobre o vídeo que circula onde ele aparece na sessão da última segunda-feira (26) escovando os dentes no plenário. Ele explica que estava no banheiro quando ouviu a discussão entre os vereadores Renato Tiecher (Podemos) e Eva Lorenzatto (PT).
— Estava escovando os dentes, quando escutei a gritaria. Corri para ajudar e intervir caso precisasse. Coisa de instinto policial — declarou.
Ética
Pelo ineditismo, a cena inusitada de um vereador escovando os dentes durante a sessão não deve estar enquadrada como falta de decoro no Código de Ética da Câmara. Porém, as cenas que vem se repetindo de discussão entre vereadores com ofensas pessoais e palavras de baixo calão certamente estão previstas no código. O que se questiona é: para que serve um Código, que quando desrespeitado, “passa batido”? Parece mais um caso de “letra morta”, só para inglês ver...
“Acalmem o coração”
E a vereadora Regina Costa utilizou do espaço como líder da bancada do PDT na Câmara para mandar um recado a quem, segundo ela, está preocupado com o destino do partido nas eleições municipais. Disse para “acalmarem o coração” pois o PDT estará nos próximos dias apresentando o seu plano, com nomes e projeto de governo, “porém, tudo a seu tempo, com muita cautela e responsabilidade”.
Por cautela, leia-se “pesquisas” em andamento e que devem ser determinantes para a decisão. Em contato com esta coluna, a vereadora, que é presidente do PDT em Passo Fundo, afirmou que a aliança pode ser ainda mais ampla, incluindo partidos de centro, que hoje fazem parte do grupo da Situação. Aliás, quem está acompanhando de perto o processo, diz que a pressão das lideranças “peso pesado” do partido em nível nacional e estadual está surtindo efeito no sentido de convencer o ex-prefeito Airton Dipp a ser candidato à prefeito na majoritária, provavelmente ao lado de Júlio Stobe, do PT. Prova da motivação de Dipp é que ele está cada vez mais presente em eventos e mantendo várias agendas com lideranças do município.
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