A tragédia enfrentada pelo Rio Grande do Sul fez com que o Brasil unisse esforços para destinar toneladas de doações aos municípios em estado de calamidade. Mas enquanto a atenção se volta totalmente à situação, entidades e organizações não-governamentais de Passo Fundo apontam redução de doações e os estoques de alimentos diminuem dia após dia.
Localizada na Vila Dona Luiza, a ONG Amor atende a quase mil famílias e serve, em média, 300 refeições por dia, além de repassar 60 cestas básicas todos os meses. Segundo o presidente Milton Menezes, a demanda é de quase uma tonelada de comida por mês. Ao longo das últimas semanas, a instituição, que depende do auxílio da comunidade para servir as refeições e cestas, tem recebido poucas doações e alguns alimentos já estão em falta.
— Tem vários itens que estão faltando. No mês de maio praticamente não tivemos doação de alimentos, a parte de recursos financeiros também praticamente parou, e a ONG existe e sobrevive com a ajuda da comunidade — disse.
A situação é semelhante no Lar da Vovó, que atende a cerca de 30 idosas em Passo Fundo. Na instituição, as doações caíram pela metade. Segundo a presidente Soeli Goulart, desde dezembro o estoque se mantinha cheio, mas, em maio, a falta de ajuda mudou o cenário.
— Diminuiu bastante, mais da metade, em função das enchentes, a tragédia que aconteceu aqui no Rio Grande do Sul. Até o alimento grosso, que a gente fazia tempo que não incluía no rancho, como feijão, hoje vamos ter que incluir, porque diminuiu bastante as doações — relata.
Carlos Spesotto, criador da Escola de Futsal Valentina Olanda Spesotto, também verificou a diminuição nas doações. O projeto conta com apoio para dar lanches e ajuda com material esportivo a 150 crianças que participam das aulas de futebol.
— Não adianta, as entidades daqui também precisam de comida, agasalho, material de limpeza e higiene. Olhamos mais para as enchentes, que realmente estão precisando muito lá, inclusive levamos doações, também temos que ter um olhar para Passo Fundo — reforça.
Entidades têm acesso às doações entregues em Passo Fundo
Como Passo Fundo não foi tão afetada como outros municípios gaúchos, a área da antiga Manitowoc se tornou um centro de distribuição de doações. Ali, chegam todos os dias remessas de alimentos, roupas, ração para animais, entre outros tantos itens, de toda a região e Brasil.
No entanto, com a grande quantidade de doações de vestuário e água, bem como de alimentos perecíveis, a Defesa Civil foi autorizada a repassar esses produtos para ONGs e entidades de Passo Fundo que estivessem precisando.
— Nós recebemos tanto água quanto roupas em grande quantidade, então está autorizado repassar a determinadas entidades. Tudo é devidamente registrado e controlado através de um pedido de um ofício dessas entidades — afirmou o tenente coronel Darci Bugs, coordenador da coordenadoria regional da Defesa Civil em Passo Fundo.
Mesmo com esse auxílio, as ONGs pedem que a comunidade de Passo Fundo siga ajudando a manter os projetos locais, que ajudam a milhares de pessoas em vulnerabilidade social.
— A gente precisa da ajuda agora para conseguir manter os projetos, para alimentar as crianças e aquelas famílias que não têm condições de buscar de outra forma — pontuou Menezes.
Como ajudar
Para ajudar as instituições citadas, basta ir até o endereço ou entrar em contato por telefone. Confira as informações abaixo:
- ONG Amor: (54) 3313-6939 — Rua Dona Eliza, 130 — Vila Dona Eliza
- Lar da Vovó: (54) 3254-0278 — Rua Dona Eliza, 478 — Vila Fátima
- Escola Valentina Olanda Spesotto: (54) 3311-3838 — Rua Coronel Chicuta, 79 — Centro