Um grupo de 40 brasileiros, sendo 22 gaúchos, que vivem no Canadá se uniram para promover um festival de música solidário com o objetivo de arrecadar fundos para as famílias afetadas pelas enchentes do Rio Grande do Sul.
Pelo menos 10 grupos musicais se apresentarão no festival, marcado para 15 de junho em Toronto, a maior cidade do Canadá. A programação começa às 15h (horário de Brasília) e contará com música, venda de comidas e bebidas. Todos os artistas tocarão gratuitamente no evento (veja as atrações confirmadas abaixo).
Cada ingresso custará 30 dólares canadenses — o que equivale a R$ 115 no câmbio atual. Todo o valor arrecadado dos ingressos, rifas e premiações será doado às famílias atingidas pelas enchentes.
A ideia surgiu através de uma conversa do carioca Marco Aurélio Teixeira com uma amiga que trabalha com eventos em Toronto e região. Apesar de ter nascido em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, Teixeira se mudou ainda criança para Porto Alegre com a família, o que fez com que se comovesse ainda mais por causa da tragédia enfrentada pelo Estado.
— Eu estava acompanhando (a situação) à distância sem saber muito como ajudar e me deu um estalo. Como sou muito bom de networking, conversei com a minha amiga e falei que estava cansado de chorar, de ver amigos perdendo casas e de ver minha cidade sendo devastada. Ela foi reunindo algumas pessoas e no final acabou surgindo o Festival Solidário — lembra.
Os fundos serão coletados pela ONG Live for Lives, do Canadá. Após o evento, a entidade criará uma comissão entre os organizadores do festival para selecionar o destino da verba, analisando os municípios mais afetados pelas enchentes.
Atrações confirmadas no Festival Solidário ao RS
- DJ Roger
- DJ Vince
- Stefanie
- Leo Pratta
- Paralella
- Allan Castro
- Five Points Road (única canadense, com baterista gaúcho)
- ONA
- Fantástica Bateria
Inspiração no RS
Cônsul do Grêmio em Toronto, Marco Aurélio conta que se apoiou na cultura gaúcha para criar o evento. Por isso, se dedicou a reunir gremistas e colorados que vivem na cidade canadense e criar um ambiente onde as pessoas possam se reunir ao redor da comida e trocar experiências.
— O gaúcho está acostumado a se reunir em volta do fogo, contar histórias... Ali estão as nossas vivências e tradições gaúchas e eu pensei que isso não poderia faltar no nosso evento. Rivalidade, nessa hora, não existe. A gente deixa de lado. A nossa camisa hoje é um cor só, a do Rio Grande do Sul. Então entrei em contato com o cônsul do Inter, que de prontidão aceitou a ideia — conta.
A passo-fundense Márcia Bairros de Souza também arregaçou as mangas para ajudar no projeto junto com outros brasileiros. Ela vive no Canadá há sete anos e assistiu de longe o sofrimento de amigos e familiares atingidos pela tragédia.
— O fato de não estarmos presencialmente no Rio Grande do Sul nos causa angústia, aumenta a vontade de ajudar e nos une nesse sentimento de solidariedade — conta Márcia.
Thuane Ziliotto, gaúcha que morou em Passo Fundo por 12 anos antes de se mudar para o Canadá, compartilha o sentimento de fazer parte desta ação. Hoje, ela se dedica voluntariamente a impulsionar o festival nas redes sociais para chegar a cada vez mais pessoas.
— Quem está longe tem um sentimento muito ruim, de não conseguir fazer o suficiente. Eu já me emocionei inúmeras vezes organizando o festival. Os gaúchos aqui estão com o psicológico bem abalado. Ao mesmo tempo que aquece o nosso coração em saber que estaremos ajudando com o festival, ficamos pensando em como podemos ajudar mais — relata.
Com o apoio da comunidade portuguesa, a mensagem do festival, além de música e comida boa, é levar esperança para as pessoas que perderam tudo.
— Queremos transformar a dor em força para recomeçar e inspirar as pessoas a serem melhores. Juntos nós somos mais fortes — termina Thuane.