A chuva que atinge Passo Fundo desde a noite de sexta-feira (3) agora obriga os moradores do bairro Entre Rios a deixar suas casas. No fim da manhã deste sábado (4), pessoas que estão em áreas de risco saíram do local em busca de abrigo em casas de amigos e familiares depois que o Rio Passo Fundo transbordou. Também há risco em partes do Santa Maria e São Luiz Gonzaga.
No Entre Rios, equipes da Defesa Civil e Secretaria Municipal de Cidadania e Assistência Social (Semcas) orientam a população sobre locais de abrigo e verificam possíveis encaminhamentos e necessidades. Há, ainda, caminhões para transportar móveis e objetos das pessoas em área de risco.
Conforme a Defesa Civil, alguns moradores das ocupações Vista Alegre, Floresta e Bela Vista, também precisaram deixar suas casas.
Até a publicação desta reportagem, não havia pessoas em abrigos públicos na cidade: a maioria das pessoas afetadas optou por permanecer em casas de amigos e familiares, informou a Defesa Civil municipal.
Em Passo Fundo, o volume de chuva chegou a 100mm da meia-noite às 11h de sábado (4). Desde quarta-feira (1º), foram mais de 250mm — mais que os 150mm previstos para todo o mês de maio. A cidade, assim como o norte gaúcho, não registra mortos ou desaparecidos em função da chuva, como ocorre em outras regiões do RS.
Enchente causou prejuízos em setembro
O bairro Entre Rios foi o mais afetado em Passo Fundo em setembro de 2023, quando o excesso de chuva obrigou muitos moradores a deixarem suas casas em diversas regiões do RS. À época, a aposentada Jussara Salles foi uma das moradoras que perdeu tudo na enchente do Rio Passo Fundo.
A casa onde ela e o marido Osni vivem fica ao lado do rio, que começou a subir ainda durante a noite. Neste sábado (4), eles tiveram os pertences retirados com ajuda da Defesa Civil e, agora, permanecerão na casa de amigos enquanto o nível da água não volta ao normal.
— A gente sente um desespero total, né? Conseguimos as coisas com tanto carinho e muito trabalho e daí vai tudo por água abaixo. Da outra vez foi tudo embora, agora está todo mundo ajudando, então já deu para salvar as coisas. Vamos esperar a água baixar, né? — disse Osni.
A Defesa Civil e voluntários começou a erguer os móveis da casa da auxiliar de limpeza Denise da Luz durante a manhã de sábado (4).
— Estamos erguendo tudo o que pode para não perder tudo como a gente perdeu na enchente de setembro, né? — relatou.
Problemas causados pela chuva em Passo Fundo
Conforme a Defesa Civil, há árvores caídas na estrada que liga a área urbana de Passo Fundo ao distrito de Santo Antônio do Capinzal. A via está interrompida e a orientação é que a população evite passar pelo local.
Há, ainda, pontos com alagamentos nas travessas Veneza e Bahia, e nos bairros Donária e Ipiranga. Na Rua Manoel Portela, no bairro de mesmo nome, há risco grave de desmoronamento e a orientação é que as pessoas que vivem em casas próximas deixem o local.
No RS, as regiões mais afetadas são Central, Serra e Metropolitana. Já foram registradas 56 mortes no RS, segundo a contagem oficial da Defesa Civil. Pelo menos 67 pessoas estão desaparecidas e mais de 35 mil, fora de casa.