O temporal que atinge o RS desde terça-feira (30) chegou ao norte gaúcho com mais força nesta quinta (2). Até às 13h, pelo menos 16 municípios registraram estragos em estruturas, alagamentos, inundações e bloqueios de rodovias. Não há registro de feridos, mortos ou desaparecidos na região.
Um alerta da Defesa Civil estadual abrange quase todas as cidades da metade norte, com aviso de chuva e ventos fortes, descargas elétricas, risco de granizo e alagamentos. A orientação é que, em caso de tempo severo, a população busque abrigo e não atravesse alagamentos a pé ou mesmo de carro.
Até o momento, há 27 mortes registradas em razão da chuva no RS, sendo 13 na contagem oficial da Defesa Civil. Há outras 21 pessoas desaparecidas, 8,3 mil fora de casa e mais de cem municípios registraram estragos. As principais regiões atingidas são a Metropolitana, Central, Vale do Rio Pardo, Vale do Taquari e Serra Gaúcha. Confira a cobertura completa em GZH.
Quais as cidades afetadas pela chuva no norte do RS
Barão de Cotegipe
O Rio Jupirangaba, que corta o município de 7 mil habitantes, transbordou do leito por volta das 8h da manhã desta quinta-feira (2) (assista acima). Segundo os Bombeiros Voluntários, a água já atinge as residências e comércios que ficam às margens do rio. A equipe está mobilizada para acompanhar a situação.
Barra do Rio Azul
Barra do Rio Azul foi totalmente alagada nesta quinta-feira (2). Cerca de 70 famílias deixaram suas casas e foram alocadas em casas de familiares. O ginásio de esportes e lazer da cidade também está disponível para abrigar a população.
A maioria da cidade está sem energia elétrica. Equipes do Corpo de Bombeiros de Erechim se deslocam para retirar duas famílias que estão em prédios mais altos.
A estimativa é de que o leito do rio aumentou de 10 a 15 metros a mais do que na última enchente, em novembro do ano passado. Há pelo menos pontos de interdição na RS-420, por conta dos alagamentos.
No interior, ao menos 250 famílias foram atingidas, com danos nas lavouras.
Campinas do Sul
No município de 5,2 mil habitantes, o Rio Lajeado saiu do leito e a água invadiu o centro da cidade. Segundo a prefeitura, há casas e uma escola alagadas. Não há informação de desalojados ou desabrigados até o momento.
Casca
Em Casca, pontos de alagamento foram registrados depois que um dos arroios da cidade começou a transbordar. Conforme a prefeitura, quatro famílias precisaram de auxílio para deixar os móveis em locais mais altos, mas até o momento, nenhuma delas precisou sair de casa.
As localidades de Geral Velha, Linha 13, Parobé e Distrito Evangelista estão com algumas estradas obstruídas por árvores que caíram após os fortes ventos. As aulas na rede municipal estão mantidas, mas o transporte para alunos do interior foi suspenso. A prefeitura também suspendeu o transporte para pacientes com consultas e cirurgias eletivas.
Cerro Grande
Em Cerro Grande, o riacho Sanga dos Necos, que corta o município, não teve vasão suficiente e alagou algumas áreas, atingindo residências. Alguns carros ficaram também ilhados.
Segundo o prefeito, Álvaro Decarli, as áreas que beiram ao rio da Várzea estão em situação considerada catastrófica.
— Há mais de 70 anos não víamos algo parecido — comenta Decarli.
Constantina
A Defesa Civil atende a comunidade indígena que reside em Linha Encruzilhada, em razão da cheia do Rio Xingu. Eles estão sendo resgatados e ficarão abrigados no salão paroquial do município a partir da tarde desta quinta-feira (2).
No bairro São Roque, foram registrados pequenos prejuízos. Na RS-143, entre Constantina a Liberato Salzano, a passagem está interrompida em razão de um deslizamento de terra, que causou o bloqueio na altura da Linha São Marcos.
Erechim
A chuva chegou na manhã desta quinta-feira (2) e causou estragos na cidade. Segundo a Defesa Civil, há alagamentos em diversos pontos, mas um levantamento de pessoas afetadas ainda não foi concluído. Na Rua Caetano Alberto Rosset, entre os bairros Atlântico e Maria Clara, ocorreu um deslizamento de terra e a passagem pela via está bloqueada.
Erval Seco
Acima da cota de inundação, o leito do rio Lajeado Lambedor, no município de Erval Seco, toma as ruas da cidade. Conforme informações da prefeitura, ainda há grande quantidade de água entrando nas casas. Até o momento não há registros de desabrigados.
Espumoso
Pelo menos 30 famílias precisaram deixar suas casas, entre o fim da noite de quarta (1°) e madrugada desta quinta-feira (2) por causa de alagamentos na cidade. Conforme a Defesa Civil do município, choveu mais de 250 milímetros em 24 horas.
De acordo com o órgão, o Rio Jacuí já subiu em torno de 3,50m e o Arroio Tigreiro, que passa no meio da cidade, está transbordando em todas as pontes. Os bairros mais atingidos são Santa Júlia, Centro, Centro, São Jorge, São Sebastião e Martini. Praticamente todas as vias de acesso ao interior do município estão obstruídas, uma vez que o Rio Butiá e o Rio Morcego transbordaram. As aulas foram suspensas na cidade.
Lajeado do Bugre
Centro da cidade chegou a sofrer alagamentos, mas o nível da água têm baixado nas últimas horas. Conforme a prefeitura, não há registros de grandes danos, mas algumas casas tiveram prejuízos pontuais. Lojas também perderam móveis. A situação é considerada está controlada.
Liberato Salzano
O Rio Marcolino transbordou na cidade e obriga população a deixar suas casas. O leito da Rua Montevideo e as demais vias estão tomadas pela água. Os moradores do local foram retirados e estão abrigados na casa de familiares. Em pontos mais altos da cidade, o salão paroquial foi aberto para atender aos afetados. A Secretaria de Obras utiliza máquinas, como retroescavadeira e tratores, para socorrer a população que foi pega de surpresa pela água.
Marau
Pelo menos 30 famílias foram atingidas pela enxurrada que atingiu a cidade na madrugada. Conforme a Defesa Civil do município, desde às 3h choveu mais de 117 milímetros no município. Em 24h, o acumulado de chuva passa dos 200 milímetros, e as aulas na rede municipal foram suspensas.
Os bairros mais atingidos são Santa Helena, Constante Fuga, Loteamento Dalberto, Santa Isabel, São Cristovão, Novo Horizonte, Santa Rita e Jardim América. Na área rural, a Comunidade de Gruta do Rio Maral também foi bastante castigada.
Ainda de acordo com a Defesa Civil, 30 pacientes de uma clínica de reabilitação precisaram ser removidos da unidade e estão no Salão do Ginásio Municipal. O local foi aberto pela prefeitura para receber as pessoas que necessitam de ajuda. Durante a madrugada, uma ponte localizada na comunidade Carrascal, entre Marau e Camargo, foi levada pela enxurrada. A via está interditada.
Nova Ramada
O município de 2 mil habitantes registrou mais de 150 milímetros de chuva nas últimas 24h. Com o excesso de água, as estradas que dão acesso à cidade — todas de chão — ficaram interditadas. Os rios Faxinal e Cachoeira, e os arroios Bugiganda e Pinhalzinho, transbordaram. O único acesso, no momento, é através da cidade de Ajuricaba. Pelo menos seis casas foram alagadas e as aulas na rede municipal foram canceladas. Duas pessoas foram socorridas depois que um carro foi levado pela força da água.
Passo Fundo
A chuva que atinge o RS desde terça-feira (30) chegou com maior intensidade ao norte gaúcho nesta quinta-feira (2). Em Passo Fundo, 2.270 clientes estão sem energia elétrica, principalmente no centro da cidade, conforme informações da RGE.
Nas últimas 24h, conforme o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), Passo Fundo registrou 106 milímetros de chuva, sendo 30,6mm somente nas últimas seis horas.
Conforme a Defesa Civil, já foram 40 ocorrências de atendimento registradas na cidade desde quarta-feira (1). Os atendimentos envolvem alagamentos parciais em residências, um poste de energia elétrica caído e uma árvore que caiu e foi retirada pela equipe da Secretaria de Transportes e Serviços Gerais (STSG), na Rua Uruguai, no bairro Boqueirão.
Com o alto volume de chuva, oito pessoas precisaram ser resgatadas na localidade de Passo do Chinelo, no interior do município, durante a madrugada. O resgate aconteceu por volta das 5h, em uma área de difícil acesso, que foi inundada por um arroio.
Além disso, a RS-324, entre Passo Fundo e Marau, está parcialmente bloqueada no km 208, na localidade de São Luiz da Mortandade, devido ao alagamento na pista.
Ronda Alta
A estrutura do telhado de um posto de combustíveis desabou com a força do temporal na madrugada desta quinta-feira (2) em Ronda Alta, às margens da RS-324, no norte do RS. Ninguém ficou ferido.
Conforme o Corpo de Bombeiros, duas famílias precisaram sair de casa, pois tiveram suas residências completamente destelhadas. Outras seis casas ficaram parcialmente destelhadas. Também há registro de muitas vias obstruídas no interior do município por causa da queda de árvores.
Rondinha
A chuva que atingiu o norte gaúcho nesta quinta-feira causou o transbordamento da barragem de contenção do Rio Lambari, em Rondinha, localizada às margens da RS-404. De acordo com a prefeitura do município de 5 mil habitantes, a água já atinge a parte baixa da cidade e parte do comércio local. A Avenida Sarandi está alagada, assim como outras ruas.
Equipes monitoram a barragem, mas a prefeitura informa que a vazão de água já começou a diminuir. Até o momento, não há informações de moradores desalojados ou desabrigados.
Sagrada Família
Em Sagrada Família, o Lajeado Vieira e os córregos transbordaram. O município está em atenção, porque a água se aproxima cada vez mais de algumas casas no interior. Comunidade e distritos estão sem acesso. Conforme o prefeito, Marcos do Nascimento, o sentimento é de apreensão, uma vez que praticamente todas as estradas do interior foram destruídas.
Santo Antônio do Palma
Em Santo Antônio do Palma, município de 2 mil habitantes, boa parte da cidade está alagada. De acordo com a Defesa Civil, moradores precisaram deixar suas casas durante a madrugada, e são recebidos na Escola Municipal Professor José Mattiello. O órgão ainda contabiliza o número total de afetados.
O posto de saúde do município também ficou alagado. No momento, há registro de falta de energia e prejuízos também no interior, mas ainda sem detalhes dos estragos.
Sarandi
Em Sarandi, uma ponte na Avenida Expedicionário foi interditada depois que o Rio Caturetê transbordou. Outras duas pontes também foram interditadas no município. Segundo a prefeitura, cerca de 100 famílias estão fora de casa por conta de alagamentos e estão sendo acolhidas no Ginásio Evangélico, na Praça da Cidadania, na Igreja Assembleia de Deus e no Ginásio da Comunidade Católica.
Ainda segundo a prefeitura, um barco foi providenciado para fazer o possível resgate de pessoas que precisarem. Durante a manhã, o Corpo de Bombeiros resgatou animais que estavam ilhados.
Soledade
A prefeitura de Soledade deve decretar situação de emergência ainda nesta quinta-feira, conforme a Defesa Civil. Conforme o Cemaden, a cidade já registrou 237mm de chuva desde terça (30). Segundo a Defesa Civil, inúmeros pontos da cidade enfrentam alagamentos, em ruas e residências, bem como bocas de lobo trancadas e problemas em tubulações.
Pelo menos 25 famílias tiveram que deixar suas casas desde quarta-feira (1°). Todas estão abrigadas em casas de parentes. Equipes da prefeitura e do corpo de bombeiros também atuaram na entrega de lonas a famílias que tiveram os telhados danificados.
Os bairros mais atingidos são Expedicionário, Farroupilha, Primavera, Bom Jesus e Botucaraí, além de áreas da zona rural da cidade. As aulas na cidade estão suspensas até sexta-feira (3), segundo a Secretaria Municipal de Educação.
Vila Maria
Em Vila Maria, município de 4,3 mil habitantes no norte do RS, cerca de 100 famílias estão fora de casa. Elas tiveram suas residências invadidas pela água da chuva, que não teve para onde escoar. Os moradores estão sendo abrigadas no Centro de Referência.
A RS-324 chegou a ser bloqueada por volta das 6h desta quinta-feira (2) devido à água na pista. A ponte sobre o rio Tarimba, no centro da cidade, acabou submersa após a chuva que atinge a região se intensificar. O trânsito já foi liberado, mas o local está sendo monitorado.
No interior do município, estradas e acessos tiveram estragos. A prefeitura ainda contabiliza os prejuízos por conta das fortes chuvas.
* Colaborou Alessandra Hoppen