Um voo da companhia aérea Azul, que atua no Aeroporto Lauro Kortz, em Passo Fundo, precisou ter sua rota alterada para o Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, na segunda-feira (8). A mudança de rota do voo que saiu de Campinas (SP) precisou acontecer em razão das condições climáticas adversas na pista, em Passo Fundo, em razão da neblina.
No mesmo dia, o voo que sairia de Passo Fundo a Campinas, por sua vez, precisou ser cancelado, segundo a Azul. De acordo com a companhia, por meio de nota oficial, os clientes receberam assistência em razão da mudança de rota e também do cancelamento, conforme Resolução 400 da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
"A Azul lamenta eventuais transtornos causados aos clientes e ressalta que medidas como essas são necessárias para conferir a segurança de suas operações", diz a nota.
Cancelamentos prejudicam logística
Na última semana, em três de maio, o publicitário Diego de Morais Moura enfrentou um cancelamento de voo no Aeroporto Lauro Kortz. Com passagem comprada para Guarulhos, em São Paulo, ele sairia de Passo Fundo para viajar a trabalho.
— Estava chovendo muito e tinha bastante neblina. Já na sala de embarque nos informaram que, devido às más condições do tempo, o voo estava cancelado — afirma.
Depois do comunicado, Diego precisou esperar cerca de três horas para conseguir remarcar o voo para São Paulo. No entanto, o local de decolagem seria outro: Porto Alegre.
— Depois de três horas aguardando, a companhia aérea nos colocou em um ônibus a Porto Alegre para decolar de lá, na manhã do dia seguinte. Só que o voo que me encaixaram era para Congonhas, ou seja, tendo que mudar reserva de carro, hospedagem, tempo de estrada. Tudo. — relata o passageiro, que passou a madrugada no aeroporto de Porto Alegre para conseguir o voo.
Equipamento ajudaria em casos de neblina
De acordo com o chefe de gabinete do Departamento Aeroportuário da Secretaria de Logística e Transportes do Estado, Leandro Taborda, a neblina afeta vários aeroportos em diferentes destinos. Segundo ele, alguns equipamentos permitem a operação em condições extremas.
— Essa é uma questão que afeta vários aeroportos, em vários lugares. Embora hajam equipamentos que permitam operar nessas condições extremas, às vezes só resta aguardar que as condições melhorem — pontua.
Segundo Taborda, o DAP possui informações de que apenas dois voos foram cancelados por condições climáticas adversas em 2022 no Aeroporto Lauro Kortz. Os demais cancelamentos seriam por adequações dos voos das companhias, segundo o chefe de gabinete.
Um equipamento que permite qualificar a visibilidade da pista para o piloto, por meio de imagem, é o Instrument Landing System, do português sistema de pouso por instrumentos (ILS). Esse equipamento não tem no Aeroporto Lauro Kortz. Segundo Taborda, são poucos terminais que possuem o ILS no Brasil.
Segundo o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea), da Força Aérea Brasileira, o ILS possibilita manobras mesmo com condições adversas, além de fornecer informações do eixo da pista e a trajetória ideal de planeio.
Decisão é do comandante, diz Infraero
Em contato com a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) — empresa federal contratada pelo governo estadual e que mantém o terminal —, GZH Passo Fundo foi informado de que a decisão de pousar ou não é do comandante da aeronave, que leva em consideração vários fatores, incluindo normativos internos da empresa aérea. Ainda, segundo a Infraero, após a decisão, são seguidos os procedimentos operacionais da companhia.
De acordo com a Infraero, o Aeroporto de Passo Fundo está apto a funcionar em condições climáticas adversas, com equipamentos em operação e em dia com as manutenções. A Infraero também relata que entre os equipamentos, estão o farol rotativo, balizamento luminoso e o PAPI (Precision Approach Path Indicator, em português Indicador de Percurso de Aproximação de Precisão), que é um sistema de ajudas visuais à navegação aérea. Além disso, o pavimento de pátio e pista está aprovado para todos os índices normativos, diz a empresa.
Questionada sobre o equipamento ILS, a Infraero retornou que não há estudos para a implantação deste sistema no aeroporto de Passo Fundo no momento.
Companhias aéreas
Além da Azul, GZH Passo Fundo também tentou contato com a Latam e a Gol, companhias aéreas que atuam no terminal aeroportuário.
Em nota oficial, a Latam afirmou que não registrou nenhum cancelamento de voos até o momento — a empresa opera desde 28 de março de 2023 em Passo Fundo. Além disso, a empresa ressaltou que quando não é possível pousar ou decolar, os voos podem ser atrasados ou cancelados e os passageiros são acomodados nos voos seguintes. Eventualmente, podem ser remanejados para outro aeroporto caso o voo já tenha decolado rumo a Passo Fundo.
A Gol não retornou até a publicação desta reportagem.
GZH Passo Fundo
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