O setor de máquinas e implementos agrícolas é um dos mais procurados na Expodireto em Não-Me-Toque, que termina nessa sexta-feira (8). Com novas tecnologias, fabricantes e vendedores apresentam opções que atendem desde o pequeno ao grande produtor, conforme a demanda na lavoura.
Um exemplo é o modelo 9540R, da John Deere. Com quase 4 metros de altura e 3,4 metros de comprimento, o trator é o maior produzido pela fabricante e um dos maiores do mundo. O equipamento foi importado dos Estados Unidos, uma vez que não tem linha de montagem no Brasil.
Altamente tecnológico, o veículo tem piloto automático e faz manobras de cabeceira sozinho. Além disso, conta com quase 550 cavalos de potência e é mais comum vê-lo em grandes propriedades brasileiras, em especial em plantações de milho, soja e algodão da Bahia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Agora, esses maquinários começam a aparecer também no Rio Grande do Sul.
— O produtor consegue aprender com o trator, fazer ele ter a melhor eficiência, o menor custo operacional e a melhor performance dentro da lavoura hoje — disse o gerente Samuel Caldeira.
Os vendedores preferem não revelar o valor do veículo, mas em sites online o mesmo modelo de 2022 não sai por menos de R$ 2,5 milhões. Esse é provavelmente um dos maquinários com preço mais alto da feira. Há outras opções mais acessíveis, em especial para o pequeno produtor.
É o caso dos modelos da Massey Ferguson, que apresentam tratores de 55 a 100 cavalos de potência. Nesse caso, têm como público alvo as pequenas e médias propriedades da agricultura familiar. O diretor de marketing e produto da companhia, Eder Pinheiro, relata que as empresas têm percebido uma mudança no perfil dos produtores que pensam em investir nesses maquinários. Hoje, a maioria prioriza os equipamentos que possibilitam mais desempenho na lavoura e cresce a busca por veículos com piloto automático, por exemplo.
— O piloto automático aumenta o rendimento operacional, diminui o desperdício de insumos, tanto de semente quanto de adubo ou defensivos. Além disso, no caso da pulverização, dá mais precisão. Mas, para mim o que é primordial é o fato de que dá mais comodidade ao operador, porque a mão de obra da agricultura está cada vez mais escassa —disse Pinheiro.
Já a Valtra apresentou na Expodireto o lançamento de um pulverizador classe dois, com um chassi, e estrutura de montagem semelhante ao classe três, de alta performance. O diferencial é a transmissão cruzada, que faz com que o equipamento entregue até 34% a mais na capacidade de rampa.
— Para uma região como o Rio Grande Sul, que tem muitos aclives, a máquina consegue entregar uma ótima performance e fazer a aplicação que o agricultor necessita — disse o diretor de marketing da Valtra, Gustavo dos Santos.
De Canguçu, na Região Sul, o agricultor Orlando Muller planta em sua propriedade de cerca de mil hectares e viajou a Não-Me-Toque para conferir o preço das máquinas agrícolas.
— Hoje, visitando a feira, vemos uma redução no valor das máquinas. Poderia reduzir mais, se comparar com o preço do soja. Vai ser preciso muita soja para quitar maquinário. Nas empresas, os pedidos (de crédito) estão sendo feitos e, segundo os vendedores, vão ser atendidos pelos bancos. Então é algo que vamos ver mais para frente — disse.
Segundo a vice-presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas no Rio Grande do Sul (Simers), Carolina Luiza Rossato, a busca por novas tecnologias é o que fez com que os produtores visitem a feira e realizem suas negociações.
— Os produtores, tanto pequeno quanto médio e grande, estão investindo em tecnologia. Então isso é muito bom porque a gente vem desenvolvendo esse setor há muitos anos. A indústria de máquinas agrícolas do Rio Grande do Sul é expert em metal e mecânica, mas também em desenvolvimento tecnológico. Isso é um diferencial e estamos muito contentes com os resultados — disse.
Linhas de crédito
Sem anúncios oficiais do Plano Safra 2024/2025, os produtores recorrem as instituições financeiras por financiamentos e custeios para a realização dos investimentos. De acordo com o superintendente de agronegócio do Banrisul, Robson Oliveira, o banco levou R$ 5 bilhões em crédito pré-aprovado para os produtores rurais que participam da Expodireto. Outros R$ 3 bilhões pré-aprovados estão em custeio.
Outras linhas que se destacam na Expodireto são as de investimentos para a irrigação, energia limpa e conservação do solo. Segundo Oliveira, já é possível observar uma mudança no comportamento do produtor quando se fala em investir e comprar novas máquinas e implementos.
— Ele (o produtor) está na feira e procura bons negócios. Quando entende que existe um bom negócio à disposição e uma real necessidade no seu empreendimento rural, aí sim vemos uma demanda pelas negociações. Assim, esperamos ter uma taxa de conversão dos pedidos de financiamento superior nessa edição do que em outras feiras, porque está entrando o interesse genuíno do produtor em fazer uma aquisição de máquina, implemento ou algum outro investimento — afirma.
Os números oficiais de negociações realizadas durante os cinco dias da Expodireto acontece no final da tarde desta sexta-feira (8).