Alternativas que tornem o produtor menos dependente do clima fazem parte das soluções para o campo apresentadas na 24ª edição da Expodireto Cotrijal, que acontece em Não-Me-Toque, no norte gaúcho, até sexta-feira (8). Dentre as tecnologias estão a irrigação e a agricultura de precisão, que avançam conforme cresce a busca por melhorias em meio à crise ambiental e desafios de sustentabilidade.
Com aporte anunciado pelo governo estadual, a segunda etapa do Programa Supera Estiagem, programa de mitigação e enfrentamento da seca no RS, foi apresentada pelo secretário da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) Giovani Feltes, na terça-feira (5), no parque em Não-Me-Toque.
— O programa é um incentivo ao produtor que já tem interesse em fazer uma irrigação e agora terá suporte. A busca tem sido muito grande pelos sistemas que oferecem ferramentas de acordo com o tamanho da área a ser irrigada. O diagnóstico feito no projeto também leva em consideração quais cultivares são produzidas — pontua o extensionista rural da Emater, Rafael Zotti Mignoni.
Essa etapa do programa prevê R$ 213,2 milhões entre 2024 e 2027 de aporte pelo Estado para a subvenção de projetos a fim de aumentar em 33% as lavouras irrigadas no RS. Os projetos devem contemplar a implantação ou ampliação de sistemas de irrigação ou a construção, adequação ou ampliação de reservatórios de água para fins de irrigação.
Agricultura de precisão
Enquanto a irrigação ajuda a mitigar os efeitos da seca, tecnologias de precisão apoiam a redução de gastos e preservação do meio ambiente. Equipamentos digitais já auxiliam os produtores a utilizar elementos como calda para a pulverização, fertilizantes e semeadura adequada. Dessa forma, a produtividade aumenta e os riscos de contaminação diminuem, visto que o dispositivo reduz ao mínimo a área de aplicação de inseticidas ou agrotóxicos.
— Em uma situação de muito vento ou de inversões térmicas, o produtor não consegue aplicar o insumo porque as gotas do produtos não chegam até a base. Então um equipamento que faz a assistência de ar consegue forçar a ventilação e fazer com que a calda chegue até o alvo — destaca o engenheiro agrônomo e especialista de produtos da Jacto, João Victor Oliveira.
Capital da agricultura de precisão, Não-Me-Toque planeja a criação de um complexo cultural para sediar o Museu da Agricultura de Precisão — estrutura de até 3 mil metros quadrados que será a primeira no mundo.
A partir da construção, a prefeitura espera angariar a Não-Me-Toque o título de "Cidade Berço da Mecanização Agrícola Brasileira" e, assim, tornar o município de cerca de 18 mil habitantes uma referência internacional na agricultura de precisão e mecanização agrícola.