Neste ano, a delegação chinesa chega em peso na Expodireto Cotrijal, em Não-Me-Toque. A feira deve receber em torno de 50 pessoas na comitiva, de diferentes grupos econômicos e segmentos. Dentre elas, uma empresa de tecnologia ambiental chinesa estreia na feira com a proposta de transformar carvão em fertilizante.
O RS possui a maior reserva de carvão mineral do Brasil, concentrando 80% do recurso do país, que é utilizado para a geração de energia. No entanto, o carvão gera gases poluentes que contribuem para o efeito estufa, o que faz com que países, como a China, já tenham começado a substituir a matriz energética por fontes de energia limpa, como a solar.
Com operações baseadas no distrito de Gaochun, na cidade chinesa de Nanjing, a empresa Jiangnan Environmental Technology utiliza amônia, enxofre e dióxido de carbono para obter o produto final, um fertilizador feito de bicarbonato de amônia. O processo é 100% verde e a ideia é implementar a produção no Estado.
— Nós já utilizamos essa tecnologia em muitas aplicações na China, são 400 unidades instaladas para diferentes indústrias, como farmacêuticas, refinarias, fábricas de vidro... Então as aplicações são muitas — pontua o vice-presidente da Jiangnan Environmental Technology, Peter Lu.
A tecnologia foi apresentada ao secretário de Desenvolvimento Econômico do RS, Ernani Polo, que sinalizou interesse em investir no processo, disse o assessor da empresa no Brasil, Giuliano Capeletti de Oliveira.
— O RS tem potencial para se tornar um grande exportador de fertilizante, insumo que nos falta no Brasil — afirma Oliveira.
De acordo com o secretário Ernani Polo, o Estado está receptivo para implementar projetos sustentáveis e se espelha em países que já aplicam tecnologias semelhantes.
— Estamos abertos para conhecer novas tecnologias, ainda mas em se tratando de transformar um ativo que temos aqui e em produtos que podem ser utilizados pela nossa produção agrícola — disse.
Tecnologias exportadas
Além da possibilidade de transformar carvão em fertilizante, o Pavilhão Internacional da Expodireto também possibilita o diálogo com outros países, como Israel, Vietnã e Alemanha.
Nesta terça-feira (5), o cônsul-geral de Israel, Rafael Erdreich, apresentou tecnologias com foco nos problemas de alimentação (foodtech), clima (climatech) e agricultura de precisão. De acordo com ele, o futuro traz desafios à população no acesso a recursos básicos.
O cônsul cita o primeiro bife cultivado a partir de células de de vaca, criado por uma startup israelense. Para a produção, é utilizada uma bioimpressão 3D, em que células vivas são impressas e depois incubadas para crescer e interagir, permitindo que a carne adquira características de um bife convencional.
— Sistemas de sustentabilidade podem ser usados tanto em pequenas quanto grande propriedades. Autonomia em criar fertilizantes ou reutilizar o lixo orgânico, por exemplo, para produzir 30% mais com 30% menos. Nós temos esse tipo de soluções e podemos implementá-las em solo gaúcho — destacou Erdreich.