
Passo Fundo, no norte gaúcho, teve mais de 2 mil empresas abertas de 1º de janeiro a 31 de março deste ano — a maioria microempreendedores individuais (MEIs).
Ao todo, foram 1.515 novos MEIs, mais que os 1.144 abertos no mesmo período do ano passado. Passo Fundo também teve 505 novas empresas de sociedade limitada (com dois ou mais sócios) e 24 novos empresários individuais.
O número segue a crescente do Estado: 84.505 novos empreendimentos foram criados nos três primeiros meses do ano, o maior resultado desde 2003, segundo a Secretaria de Desenvolvimento Econômico do RS (Sedec).
— É um trabalho que vem sendo feito nos últimos anos para melhorar o ambiente de negócios aqui do Rio Grande do Sul. São várias frentes, desde a simplificação de processos, a desburocratização e modernização nos licenciamentos — disse o secretário Ernani Polo.
Como é de praxe, em Passo Fundo a maioria das novas empresas está no setor de serviços. Entre os MEIs, 1.152 empreendedores são prestadores de serviços. Depois vêm o comércio (244) e indústria (119), como mostram os dados da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do RS.
Empreender para ampliar a renda
Quem empreende no setor de serviços é João Vitor da Silva, 27 anos. Morador do bairro Bom Jesus, em Passo Fundo, ele abriu a própria hamburgueria na garagem de casa. Desde o começo, objetivo sempre foi ganhar um salário digno:
— Sonho em dar uma vida melhor para minha família. Eu comecei com um fogareiro pequeno, onde só podia colocar seis hambúrgueres de uma vez. O pão a gente selava do lado e assim fomos indo — lembra ele, que começou o negócio em 2020.

As irmãs Luiza e Andressa Formighieri Antonini, de 24 e 34 anos, respectivamente, empreendem no ramo de vendas. Há um ano, a engenheira civil e advogada uniram esforços para vender roupas fitness.
— A gente sempre quis empreender e o mundo fitness é muito presente na nossa rotina. Vimos que tinha muita procura por essas marcas de roupas e entendemos que estávamos diante de uma oportunidade — disse a engenheira Luiza.

Hoje o negócio ainda dá os primeiros passos no digital, mas as duas já têm clientes em outras cidades da região, como Marau e Carazinho.
— E mais para frente, claro, o nosso sonho é estruturar ainda mais o negócio e criar a nossa própria marca — adianta a advogada Andressa.
Quem também começou o próprio negócio há pouco tempo foi o engenheiro civil Leonardo Fornari Costa, 26. Ele abriu uma empresa no ramo de construção e trabalha com três projetos e busca ampliar a atuação na região.
— Percebi um espaço no mercado que busca profissionais que tenham um atendimento mais personalizado com o cliente. E isso é uma vantagem para uma empresa menor — conta.
O economista Vitor Dalla Corte entende que o cenário econômico favorável e as facilidades oferecidas pela tecnologia explicam o aumento expressivo de novas empresas. No entanto, postos de trabalho seguem disponíveis:
— Um negócio tem vários desafios no dia a dia, na gestão. Abrir a empresa é importante, claro, mas dar sequência é algo tão importante quanto. Então, sim, a gente precisa, seja para o empresário, para quem busca vagas no mercado de trabalho, estar qualificado e apto para isso — enfatiza.