
O setor automotivo brasileiro tem passado por uma revolução silenciosa nos últimos anos: a eletrificação dos carros. Em Passo Fundo, no norte do Estado, diferentes concessionárias oferecem a classe de veículos que ainda gera dúvidas sobre o funcionamento e custos.
A chinesa BYD chegou na cidade há pouco mais de um ano e tem registrado um crescimento exponencial no faturamento, como afirma o gerente de vendas da IESA BYD, Cristian Amaral. Atualmente, o modelo elétrico mais vendido da marca é o Dolphin Mini, a partir de R$ 118.800.
— Em comparação com o mesmo período do ano passado, o aumento (no faturamento) chega a 20% — relata.
Pensado como uma solução de mobilidade urbana de baixo custo, os carros elétricos foram feitos para durar. Isso porque a vida útil estimada da bateria desse tipo de veículo pode chegar a mais de 20 anos.
— Quando você compra uma geladeira ela dura quantos anos? Dez, 15, 20 anos. O carro elétrico foi produzido com o objetivo dessa durabilidade. A garantia do carro é seis anos e oito anos da bateria, mas a bateria da BYD tem um vida útil estimada em 25 anos — explica Amaral.
Além da famosa BYD, marcas como Chevrolet, Renault, Caoa Chery e Fiat também fazem parte da lista de marcas que aderiram aos carros elétricos no Brasil. Os modelos iCar, da Caoa Cherry, e Renault Kwid E-Tech estão disponíveis para compra na cidade.
Entre as principais vantagens de um carro elétrico citadas pelo gerente de vendas de uma das marcas mais famosas da classe está o custo de manutenção e locomoção. Para usuários que possuem placas solares em casa, o valor do recarregamento pode ser ainda mais baixo.
Outra vantagem é a isenção do IPVA. O Rio Grande do Sul, assim como outros oito Estados e o Distrito Federal, adere à isenção do percentual de pagamento do imposto para carros 100% elétricos.
Mais dinheiro no bolso

Criados para atender a demanda de deslocamento em pequenos e grandes centros urbanos, os carros elétricos podem ser uma boa opção para quem se desloca diariamente pela cidade.
— Claro que, com a tecnologia, hoje já existem carros com 500 ou 600 quilômetros de autonomia. Mas, pensando no urbano, faz todo sentido. Motoristas de aplicativo, por exemplo, que gastavam R$ 5 mil de gasolina hoje podem gastar R$ 1 mil em energia elétrica. Tem 90% de economia do que tinha antes — explica o gerente.
Este é o caso do Alexandre Maias da Silva, 34 anos. Motorista de aplicativo há 10 anos, ele decidiu trocar o carro à combustão automático pelo carro elétrico em 2024 e afirma que a diferença financeira é grande. O modelo escolhido foi o BYD Dolphin GS.
— Fui um dos primeiros a comprar um BYD na cidade quando abriu a concessionária. Quando pensei em comprar um carro elétrico, o que me veio em mente foi o custo de manutenção e o valor da gasolina — disse.
Hoje Alexandre paga R$ 45 por uma carga para percorrer de 350 a 390 quilômetros. Anteriormente, ele chegava a pagar R$ 100 de gasolina para fazer em torno de 140 quilômetros. No mês, o gasto era em torno de R$ 3 mil somente para abastecer o carro.
— Com R$ 100 dá quase três cargas no carro elétrico e eu posso rodar quase 1.000 quilômetros. É muita diferença — explica.
Futuro da mobilidade carregado em uma tomada

Com os avanços da tecnologia, carregar um carro elétrico se tornou tão simples quanto recarregar um celular: basta plugá-lo na tomada.
A possibilidade de abastecer o veículo em casa, durante a noite, traz não somente economia, mas também praticidade. Pensando nisso, algumas marcas oferecem o carregador que pode ser instalado na própria casa do comprador desde que haja uma avaliação técnica para a fixação.
— O cliente só terá o custo da instalação. Caso ele deseje comprar outro carregador o investimento é em torno de R$ 7 mil. O tempo de carregamento varia de carro para carro, conforme o tamanho da bateria e também potência do carregador — explica Cristian.
Hoje o Rio Grande do Sul tem 1.159 pontos com carregadores de veículos elétricos, segundo a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE). Desses, 1.013 são de recarga lenta (AC), mais comuns em casas e estabelecimentos comerciais, e 146 de recarga rápida (DC), como os presentes em eletropostos.
Passo Fundo está em quarto lugar na lista das cidades gaúchas com mais pontos de carregamento — possui 31 locais para recarga de veículos elétricos. Porto Alegre lidera o ranking, com 278, seguida de Gramado (80) e Caxias do Sul (63).