Com a chegada do final do ano e proximidade de 2024, empresários de Passo Fundo aguardam os turistas argentinos. O aumento de travessias na fronteira de São Borja repercute nos setores gastronômico e hoteleiro de Passo Fundo. Por um lado, a expectativa é alta, por outro, existe preocupação.
O início de novembro, ainda antes da alta temporada, mostra que, após o auge da pandemia, lentamente, os hermanos voltam a viajar pelo Brasil. Em São Borja, até o dia 10 de novembro, mais de 6,3 mil argentinos haviam atravessado a fronteira. Em Uruguaiana, outro ponto de entrada, há registro de quase 5,8 mil passagens pela aduana. Nas duas localidades, os registros desse ano são praticamente o dobro do mesmo período de 2022.
Aqueles que passam pela fronteira por São Borja e viajam ao litoral passam pela BR-285. Durante o trajeto, as famílias argentinas passam pelo município de Passo Fundo, na região norte do RS. Segundo o Alexandre Ávila, que é gerente de um restaurante às margens da rodovia, a expectativa para o verão é alta.
— Até o ano passado, o movimento foi um pouco abaixo do esperado. Agora, a expectativa é grande, de um alto movimento de argentinos.
Ele espera que sejam atendidos entre cem e 150 argentinos por dia durante a alta temporada, após três anos de baixa procura. Desde a pandemia, o que é consumido pelos viajantes tem mudado. As refeições perderam espaço para os lanches. Opções mais rápidas e, principalmente, mais baratas.
Expectativa diferentes
No setor hoteleiro, a expectativa é menos otimista. Leo Duro, proprietário do Rio Hotel, em Passo Fundo, e presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Passo Fundo aponta preocupação. Normalmente, nesta época do ano, a procura por reservas e consultas de preço deveriam estar intensas:
— A gente está com uma procura extremamente baixa, quase não tem ligações de argentinos em comparação com o que tínhamos antes da pandemia.
O gerente Ênio Franchini, que há quase dez anos trabalha neste hotel, aponta que, mesmo durante a alta temporada, quando há presença de argentinos, o número destes hóspedes tem reduzido ano após ano.
— Até 2019, a gente tinha um movimento bem grande com eles na temporada de verão, o pessoal vinha bastante. Depois da pandemia, deu uma diminuição drástica — diz Ênio.
Os poucos viajantes que de fato se hospedam no hotel fazem antes uma extensa pesquisa de preços, segundo Leo. E, assim como na alimentação, em que existe a busca por economia, na hospedagem, também há esta preocupação.
Para atender a essa nova demanda, o hotel criou quartos maiores que possuem mais camas, reduzindo o preço por pessoa na acomodação.
— Sem este auxílio da economia da Argentina, para nós, pesa bastante. Então, os empresários estão sentindo isso e estão com bastante medo de dar baixo movimento, baixa procura pelos seus serviços esse ano — aponta o empresário.
PRF não espera grande movimentação
O início de novembro aponta para um verão com números melhores do que 2022 em relação a turistas argentinos passando pelo Rio Grande do Sul. Todavia, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) não crê em números pré-pandemia.
— Esse ano, como nós vivemos essa fase do país vizinho, em que há uma crise econômica lá, uma diferença cambial bastante significativa, não tem como saber se o movimento vai ser grande. A expectativa que a gente trabalha é de que seja menor do que aqueles anos históricos nos quais o movimento foi muito grande — afirma Lúcio Finkler, chefe do núcleo de policiamento e fiscalização da delegacia da PRF de Sarandi.