Uma inspeção foi realizada na manhã desta terça-feira (5) na obra da futura fábrica de pólvora negra da Cooperativa de Garimpeiros de Médio e Alto Uruguai (Coogamai), no interior de Ametista do Sul. O local está em construção em área doada por empresário, por meio de um termo de cessão de uso por 30 anos, com possibilidade de renovação.
Os garimpeiros estão sem trabalhar desde 25 de julho, quando uma operação prendeu 15 pessoas e suspendeu as atividades em mais de 150 garimpos irregulares de Ametista do Sul e região. De acordo com o prefeito de Ametista do Sul, Jadir Kovaleski (PP), o garimpo representa de 70% a 80% da economia da cidade. O município reúne cerca de 800 garimpeiros atualmente.
Segundo o Exército, que esteve presente por meio do Serviço de Fiscalização de Produtos Controlados da 3ª Região Militar (SFPC/3), o objetivo da inspeção foi verificar o andamento da obra e orientar as adequações necessárias para atender a legislação em vigor.
Na tarde desta terça-feira, uma reunião com os garimpeiros deve orientar os procedimentos e documentos necessários pra resolução das questões que envolvem a extração das gemas de ametista. Segundo o Exército, o objetivo é buscar soluções para o retorno do trabalho dentro da legalidade.
Orientação
O Exército informou os papéis que devem ser providenciados pelos garimpeiros e a forma de dar entrada com a documentação no Exército para a emissão das autorizações.
A inspeção e orientações aos garimpeiros são resultado de uma reunião realizada no fim de agosto, em Porto Alegre, entre a Coogamai e os demais órgãos fiscalizadores que participaram da operação.
Estavam presentes, além da cooperativa e Exército, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do RS (Crea-RS), Corpo de Bombeiro do RS, Polícia Civil, Fundação Estadual de Proteção Ambiental do RS (Fepam-RS).
O presidente da Coogamai, Nilvo Antonio Zatti, relatou que a inspeção foi "provisória" e indicou que o caminho que os garimpeiros devem seguir para conseguir as liberações para os galpões da fábrica.
— Foi uma vistoria provisória, porque não está nada finalizado ainda. Temos que fazer adequações, mudanças, mas estamos no caminho certo. Em breve, acredito que consigamos as liberações necessárias — disse.
Garimpeiros mobilizados
Uma manifestação de garimpeiros está prevista para acontecer na quinta-feira (7), na BR-386, em Iraí. O grupo deve sair de Ametista do Sul por volta das 6h e ir até a ponte do Rio Uruguai, que faz a divisa entre Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
De acordo com o garimpeiro Alberto de Souza, que organiza a manifestação, o protesto está mantido mesmo após a vistoria realizada pelo Exército.
— Vai ser pacífico. Nós vamos bloquear a ponte por 30 minutos e abrir por dez minutos — afirmou.
O grupo reivindica a autorização imediata para retorno ao trabalho. Em 25 de julho, uma operação prendeu 15 pessoas e suspendeu as atividades em mais de 150 garimpos irregulares de Ametista do Sul e região. Também foram realizadas 24 autuações, além da apreensão e destruição de quase 1 tonelada de pólvora mecânica produzida, utilizada e armazenada de forma irregular.
Nas interdições realizadas nos garimpos irregulares durante a operação, o Exército solicitou a regularização do uso, manejo e depósito dos explosivos dos garimpos de Ametista do Sul. Os trabalhadores só poderão voltar à função com um novo aval do Exército, Crea, Corpo de Bombeiros, Polícia Civil e Fepam.