Passo Fundo tem um índice de inadimplência que chega a 31% da população economicamente ativa, conforme dados do Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC), divulgados pela Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL). O percentual baixou em relação ao mês de maio, porém ainda é considerado elevado. No Estado, são 39,6% da população. Fatores econômicos e sociais contribuem para o alto percentual, conforme análise do doutor em Economia, Julcemar Zilli.
De acordo com o economista, três principais motivos levam os passo-fundenses a não conseguirem arcar com as dívidas: políticas restritivas de concessão de crédito, que fazem com que as pessoas recorram a fontes alternativas com juros mais altos; a falta de conhecimento financeiro e a pouca compreensão sobre a importância do gerenciamento adequado das finanças pessoais e, por fim, fatores sociais que valorizam o consumo excessivo.
— Essa inadimplência afeta negativamente a economia de Passo Fundo, pois as empresas e instituições financeiras enfrentam dificuldades para receber os pagamentos devidos, levando a uma redução nos investimentos, diminuição da oferta de crédito e até mesmo ao fechamento de negócios locais — pontua Zilli.
Essa queda na atividade econômica induzida pela inadimplência pode resultar em menor geração de empregos, aumento do desemprego e, consequentemente, menor renda disponível para a população: um efeito dominó que resulta na redução de consumo e baixa demanda por produtos e serviços no comércio local.
— Além disso, a inadimplência também pode desencorajar o investimento, uma vez que empresários e investidores podem se tornar mais cautelosos ao aplicar recursos em uma região com alto risco de inadimplência.
Marluza Camargo, 55 anos, é assistente social e conta que as dívidas pesaram mais nos últimos anos:
— A época da pandemia foi um problema. Eu passei a ganhar menos, mas minhas contas ficaram iguais. E outra questão é o preço dos alimentos, está tudo muito caro, então não sobra muito do salário para quitar essas dívidas.
Como driblar o problema
De acordo com o economista, dentre as alternativas que podem melhorar os índices de inadimplência estão o investimento em programas de educação financeira, acesso a políticas transparentes de concessão de crédito e políticas que estimulem a criação de emprego.
— O fortalecimento do mercado de trabalho é fundamental para melhorar os índices de inadimplência. Isso pode incluir iniciativas de desenvolvimento econômico local, apoio a setores produtivos, estímulo ao empreendedorismo e à formação profissional, bem como programas específicos para reduzir a inadimplência — salienta Zilli.
Nesta quarta-feira (28), o Ministério da Fazenda publicou, no Diário Oficial da União, uma portaria que oficializa as regras do projeto de renegociação de dívidas Desenrola Brasil. O programa vai contemplar pessoas com renda mensal de até dois salários mínimos e dívidas de até R$ 5 mil.
GZH Passo Fundo
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