Eduardo Leite (*)
Um prédio, isoladamente, não garante a qualidade da educação, mas pode simbolizar o que se deseja como referência. Por isso, precisamos celebrar uma conquista especial. Nos próximos dias, o governo devolve para a sociedade uma de suas escolas mais tradicionais e amadas: o Instituto de Educação General Flores da Cunha, que reabre em seu espaço, um imponente prédio que passou por um amplo e minucioso processo de restauro.
Para que isso ocorresse, mais do que recursos financeiros (e não foi pouco: R$ 23,4 milhões), nós contamos com o empenho, a dedicação e o talento de dezenas de profissionais que trabalharam com entusiasmo e orgulho, próprios de quem sabe a importância e o valor do que estava em curso.
Durante tempo demais, o Estado, por insuficiência do orçamento, não tinha capacidade de manter as instituições em boas condições. Esse cenário de precariedade e abandono, felizmente, ficou no passado, e estamos qualificando a rede estadual de ensino também em sua dimensão física.
Qualquer escola, independentemente do seu porte, merece respeito e cuidado. No entanto, há algumas que são especiais por conta do papel e espaço conquistados ao longo de sua história. Assim é o Instituto de Educação.
Desde que comecei a acompanhar as obras, ainda na gestão passada, sempre me impressionou o carinho expressado pelas pessoas que em algum momento de suas vidas estudaram ou trabalharam no majestoso prédio situado à beira do Parque Farroupilha. E um sentimento se soma a outro, assim como as histórias e memórias se cruzam, formando uma trama de forte urdidura que se impõe no imaginário do Rio Grande do Sul, reservando a essa escola um papel superlativo.
A educação é a prioridade desta gestão, e assim trilhamos um caminho que garanta um futuro melhor para o nosso Estado. Uma educação de qualidade, comprometida com o bem-estar das pessoas, demanda investimentos em várias dimensões, que vão das questões pedagógicas até o espaço onde se desenvolve o processo de ensino e aprendizagem, onde as pessoas convivem.
Uma escola é um território de troca e crescimento, e para que esses processos transcorram em sua plenitude, quem nela se insere precisa se sentir seguro, confortável, acolhido e feliz. É o que almejamos a quem retorna e quem ingressa agora no Instituto de Educação, que passa a oferecer condições admiráveis para quem nele trabalhará ou estudará, resgatando a excelência que marcou a sua trajetória desde o princípio.
Ele nasceu com outro nome. A Escola Normal da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul começou suas atividades em 5 de abril de 1869. Em 1934, se acertou a construção da atual sede, iniciada em 30 de agosto daquele ano, mas quem primeiro ocupou o prédio foi o Pavilhão Cultural, uma das estruturas que compunham a Exposição do Centenário Farroupilha, no Campo da Redenção, rebatizado de Parque Farroupilha. Encerrado o evento, a Escola Normal passou a funcionar no espaço.
O arquiteto Fernando Corona concebeu a sede a partir de uma linguagem clássica de inspiração grega. Projetou-a em dimensões imponentes, para que se destacasse na paisagem. A escola nasceu como um espaço adequado para que a educação transcorresse com excelência. A partir de agora, com a entrega do prédio restaurado, recuperamos a grandiosidade de um dos mais importantes patrimônios do Estado.
O instituto segue funcionando como escola, mas crescerá em relevância com a concretização de novas estruturas para qualificar a educação: o Museu da Escola do Amanhã, o Centro de Formação e o Centro Gaúcho de Educação Mediada por Tecnologias. A finalidade é realizar o desenvolvimento da educação, da cultura, da ciência e da tecnologia.
Com esse conjunto de projetos, conectamos passado e futuro. A tradicional escola de formação de professores se torna um centro de referência para pensar a educação que queremos e precisamos. O espaço adquire mais importância ainda porque aprimorará os professores da rede pública estadual de ensino, com mediação de tecnologia, em busca de inovação e qualificação.
A partir do Instituto de Educação, estabeleceremos as bases para que este templo da educação seja um propulsor do futuro que almejamos.
(*) Governador do Rio Grande do Sul