Encerrada a eleição no primeiro turno, comprova-se que a Justiça Eleitoral brasileira foi outra vez merecedora do voto de confiança da esmagadora maioria da sociedade. Excetuando-se pequenos incidentes, como a necessidade de troca de uma ínfima quantidade de urnas eletrônicas e filas por contratempos com a biometria, o domingo transcorreu sem qualquer intercorrência grave que chamasse atenção. Ao fim, como sempre, o resultado das eleições para a Presidência da República, governadores, senadores e deputados federais e estaduais expressou a límpida e legítima vontade dos votantes.
Temores de violência não se confirmaram, e os eleitores de diferentes preferências foram às urnas de forma harmônica
Quarta maior democracia do mundo, o Brasil é referência não apenas pela lisura, mas pela agilidade de apurar e divulgar o desfecho do pleito no mesmo dia do voto, poucas horas após o fechamento das seções. O sistema eleitoral do país, portanto, provou novamente ao mundo – e mesmo a alguns incrédulos locais – a alta confiabilidade. Tudo conferido por observadores internacionais e entidades nacionais, atestando a integridade dos ritos, com a colaboração de juízes, promotores, servidores das cortes e mesários. Foram pouquíssimos em relação há quatro anos, por exemplo, casos de pseudodenúncias de irregularidades. Nunca é demais lembrar que, em mais de duas décadas e meia de uso de urnas eletrônicas, jamais se apresentou indício robusto de fraude e todos os casos investigados mostraram-se improcedentes.
A tranquilidade do domingo de votação também deve ser atribuída a medidas tomadas antes das eleições, nos últimos meses e semanas. Entre elas, a parceria com as redes sociais para combater notícias falsas, a celeridade da Justiça neste ano em determinar a remoção de conteúdos forjados das plataformas e o próprio alerta de que a utilização de fake news, especialmente contra o sistema eleitoral, seria devidamente punida. A deliberação para o eleitor não levar telefones celulares para cabine de votação, da mesma forma, contribuiu para o mundo virtual não ser inundado de falsas alegações.
Foi extremamente previdente ainda o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ao tomar decisões voltadas a diminuir o risco de circulação de pessoas com armas. É possível concluir que, além das demais razões acima citadas, foi um fator adicional a contribuir para o domingo mais pacífico. Os temores de violência não se confirmaram, e os eleitores de diferentes preferências foram às urnas de forma harmônica e ordeira para o exercício cívico do voto. Os tribunais regionais eleitorais e a organização das forças de segurança nos Estados, ressalte-se, também tiveram papel decisivo na garantia da paz e da ordem.
A democracia brasileira, portanto, foi uma das vencedoras da eleição de 2 de outubro. Recomeça, agora, a campanha no segundo turno. Com mais um atestado de robustez e transparência do sistema eleitoral do país, deve-se inferir que qualquer nova tentativa de descredibilizá-lo cairá no vazio. É preciso crer que, diante da realidade, intentos nesse sentido serão desencorajados. Da mesma forma, abre-se maior margem para a esperança de que as próximas semanas, até o dia da votação, transcorrerão em clima de urbanidade, sem episódios violentos. Se assim for, serão revigoradas as melhores expectativas de amadurecimento democrático e de restabelecimento da convivência civilizada no país.