A pandemia é um teste de fogo para a temperança dos gaúchos. Até aqui, a população do Estado mostra ter de sobra essa característica que remete a moderação e equilíbrio. Nos mais duros episódios que permearam a história do Rio Grande do Sul, essa sabedoria em meio a momentos graves, aliada à tenacidade, moldou a índole dos que aqui vivem e viveram. Em poucas semanas, a rotina de mais de 11 milhões de gaúchos, assim como a dos demais brasileiros, se transformou radicalmente. A vida em sociedade, o trabalho e o lazer sofreram uma drástica reviravolta. Em nome do bem coletivo, necessitamos ficar em casa. Mas precisamos ficar bem.
É preciso ser otimista e acreditar que cada gaúcho poderá sair desta crise como um cidadão melhor, contribuindo para um RS mais próspero e humano
Para que sejam atravessados da forma menos traumática possível, os dias de reclusão pedem que os gaúchos, dentro das limitações impostas, continuem exercendo seus ofícios, estudando e redescobrindo pequenos prazeres familiares antes um pouco esquecidos. Desta forma, tentando manter a higidez, saindo à rua apenas para tarefas indispensáveis e, principalmente, respeitando as orientações das autoridades que dia a dia monitoram o quadro da evolução da covid-19 no Estado, cada gaúcho estará exercendo o papel de um herói anônimo. O vírus precisa de pessoas circulando nas ruas para se disseminar. Ao quebrar essa cadeia de transmissão, somos milhões de agentes de saúde protegendo uns aos outros.
É preciso pensar de forma coletiva. As escolas e as universidades estão fechadas, mas esta é uma lição de vida. Nunca aprendemos tanto. De forma há poucos meses inimaginável, os gaúchos estão reinventando a coletividade. De janelas e sacadas, o olhar distante descobre o outro. Lá, naquele outro lar, aquela pessoa, hoje reclusa, é uma barreira contra o coronavírus. É a comunidade assimilando um novo conceito de pensar a sociedade.
Vive-se uma época de crise. Talvez comparável apenas a tempos de guerras de verdade. Mas esta guerra não divide. Ela une a humanidade. Por isso, é preciso abandonar o individualismo, rever prioridades, repensar o sentido da vida. E transformar toda a energia guardada e a dolorosa espera por rever familiares e amigos queridos em solidariedade, criatividade e empreendedorismo. Há muitas pessoas, neste momento, fora de casa. São trabalhadores de serviços essenciais, como os da segurança e da saúde, entre outros. Especialmente para os que estão nos hospitais travando esta batalha frente a frente com o inimigo, devemos uma imensa gratidão.
Se está em casa, lembre-se: manter o distanciamento social, agora, significa praticar empatia e exercitar a cidadania. O que parece ser uma passividade é, na verdade, uma postura ativa e uma forma de encurtar este momento de provação. Não esqueça dos exercícios, faça as compras necessárias, trabalhe, mantenha os estudos em dia, planeje a vida, trace metas, alimente os sonhos. Talvez nada seja como antes. Mas é preciso ser otimista e acreditar que cada gaúcho poderá sair desta crise como um cidadão melhor, contribuindo para um Rio Grande do Sul mais próspero e humano. Com cada um fazendo a sua parte, juntos, ficaremos bem.