Por Daniel R. Randon, vice-presidente de Administração e Finanças da Randon S.A. Implementos e Participações e presidente do Conselho Superior do Programa Gaúcho da Qualidade e Produtividade (PGQP)
Ao ver o pronunciamento do presidente do Brasil no Dia do Trabalho, pensei que seria um discurso inócuo para parabenizar o trabalhador e falar de políticas sociais. A mensagem, entretanto, foi a Medida Provisória 881 – da Liberdade Econômica, que reduz a burocracia para quem quer empreender ao eliminar a exigência de inúmeras autorizações, licenças e alvarás. O presidente Jair Bolsonaro também sancionou uma lei de incentivo à formação empreendedora. As medidas, que integram a promessa de campanha de “tirar o peso do governo dos ombros de quem produz”, começam a ganhar forma e são bem-vindas pelo enorme e multiplicador alcance econômico e social.
Ao criar a Empresa Simples de Crédito (ESC) para financiar os microempreendedores individuais (MEI), as microempresas e as empresas de pequeno porte, o governo atua sobre uma das tantas dificuldades que inibem o surgimento de novos negócios: o financiamento. Pela lei, pessoas físicas e jurídicas poderão conceder empréstimos, financiamentos e descontos de títulos de créditos com recursos próprios, sem a cobrança de encargos e tarifas. A expectativa do governo é de que uma ESC poderá conceder crédito mais barato, mas com custo abaixo do atual, de 45% ao ano.
Quem empreende sabe que os obstáculos começam na criação. Enquanto nos EUA uma empresa surge em um dia e meio, no Brasil, chega a 80 dias, colocando o país na 109ª posição no ranking de criação de negócios próprios. Ainda assim, 39% da população brasileira economicamente ativa é dona de uma empresa, conforme acompanhamento recente da consultoria McKinsey.
Vivenciamos um crescente potencial nacional de ecossistema empreendedor e a disseminação das startups contribuiu ainda mais para isso, pois conquistaram a confiança de investidores e de empresas que buscam soluções criativas para seus problemas.
É preciso, entretanto, continuar desatando os nós que amarram o fortalecimento do empreendedorismo para que a tecnologia e os novos modelos de negócios continuem renovando as estruturas tradicionais, num saudável e produtivo convívio. Só assim será possível que, cada vez mais, nasçam novos unicórnios, figura mitológica usada para designar startups avaliadas em US$ 1 bilhão por agências de risco.
Além das necessidades de reformas para melhoria macroeconômica, a economia brasileira só poderá crescer e gerar empregos com sustentabilidade a partir de empreendedores motivados. Assim, quem sabe, comemoraremos os próximos 1º de maio com mais e melhores empregos para nós brasileiros.