Por Walter Lídio Nunes, vice-presidente da Associação Gaúcha das Empresas Florestais (Ageflor)
O Dia Mundial da Água, instituído pela ONU como sendo 22 de março, evidencia o quanto a preservação da água é um dos temas ambientais mais caros ao planeta para garantir a evolução da sociedade. Está alinhado com um dos objetivos do desenvolvimento sustentável, que estabelece a garantia de água e saneamento para todos.
Até 2030, a população mundial será 8,3 bilhões, o que demandará mais 30% de água para consumo humano comparado a hoje. Até lá, 1,8 bilhão de pessoas viverão em áreas de escassez hídrica (o que configura uma das cinco maiores ameaças globais e um dos grandes riscos ao desenvolvimento econômico). No mundo, 55% das pessoas contam com precários serviços de saneamento, o que afeta a saúde, em especial, a infantil. Países desenvolvidos buscam alternativas para o melhor aproveitamento, tais como reutilização do efluente sanitário na agricultura, reúso na indústria, dessalinização da água, entre outros.
Os desafios do Brasil começam pelo abastecimento, que só é satisfatório em 29% das cidades, sendo que somente 30% dos municípios têm estações de tratamento de esgotos e, assim mesmo, apenas 50% do esgoto coletado é tratado. O lançamento de efluentes sem tratamento nos corpos de água aumenta os custos do setor produtivo, afeta a saúde humana e degrada os ecossistemas. Ineficiências na prestação dos serviços causam perdas de 40% na distribuição da água. E, ainda, o lançamento de esgotos sem tratamento nos rios que alimentam os processos industriais também oneram os custos.
Com os níveis atuais de investimento, a universalização dos serviços de água e saneamento seria atingida somente após 2050. A participação do setor privado nessa cruzada, portanto, é fundamental, o que, somado aos esforços públicos, acarretaria na queda da mortalidade infantil, na redução da incidência de doenças e na diminuição dos custos com saúde (R$ 1,45 bilhão ao ano).
A má governança pública reflete na gestão da água e na segurança hídrica do país. O crescimento econômico e urbano está desamparado de medidas preventivas para evitar crises hídricas nos próximos anos. Neste contexto, a burocracia precisa redefinir diretrizes regulatórias, tornando-as mais claras e efetivas para reduzir a pulverização atual da regulação do setor. A falta de gestão e de ações eficazes na gestão do ciclo da água penaliza o ambiente, a saúde da população e o desenvolvimento econômico. Somente com uma melhor gestão e investimentos privados, através de parceiras e concessões, poderemos sair desta difícil realidade.