Por Walter Lídio Nunes, vice-presidente da Associação Gaúcha das Empresas Florestais (Ageflor)
A Operação Lava-Jato tem um significado importante na história do Brasil. Ela evidenciou a penalização da sociedade brasileira por uma governança desqualificada, fruto de uma conjuntura sociopolítica anacrônica, patrimonialista, corporativista, sustentada pelo clientelismo populista. Expôs as relações imorais que permearam a máquina pública no trato com o setor privado, formando uma das maiores conjunturas de corrupção em nível mundial. O cidadão trabalhador e honesto não tinha, nem de longe, a consciência da magnitude do prejuízo causado por essa corrupção, que prejudicou, principalmente, os mais necessitados.
A Lava-Jato expôs e levou à prisão desde um ex-presidente populista corrupto a inúmeros políticos e atores de todos partidos e poderes, além de empresários. Seguramente, ainda há processos em curso que levarão à prisão outros tantos atores de expressão nacional. A operação incomoda pessoas, grupos e entidades devido ao empoderamento social que desencadeou e, graças a isso, vemos surgir uma série de ações tentando travar as suas iniciativas. Exemplo disso é o entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) de que a Justiça Eleitoral tem competência para julgar crimes comuns quando há conexão com delitos eleitorais. Na votação desse assunto, ficou evidenciada a passionalidade de ministros que mostraram o quanto as ações da Lava-Jato os incomodam. Percebem que, na visão social, a operação representa a defesa da moralidade das relações políticas públicas e privadas se sobrepondo ao STF.
O Supremo é percebido, socialmente, como uma entidade pouco comprometida com as urgentes medidas que o Brasil precisa. Vários ministros são vistos como empenhados em manter um status quo legalista, ao invés de sê-lo com a moralização do Brasil. A Operação Lava-Jato incomoda porque a sociedade a vê como um divisor de águas ao expor, com dedicação e competência, os subterrâneos das relações espúrias que construíram um Brasil e que não mais queremos. Com isso, contribuiu para a mobilização destinada a acabar com essa situação. Neste contexto, ela teve uma contribuição significativa para a renovação que ocorreu no processo eleitoral em nível estadual e federal, no Executivo e no Legislativo, e que culminou com a eleição de Jair Bolsonaro.
Sem o apoio da sociedade e das entidades inclusivistas comprometidas com um Brasil melhor, a Lava-Jato será freada, pois existe um grande número de relações políticas e privadas ilegítimas que ainda precisam ser investigadas e que, certamente, exporão muitos atores e suas histórias escusas. Apoiar a Lava-Jato é apoiar uma ação a favor de um Brasil melhor.