Por João Victor Domingues, ex-secretário estadual de Infraestrutura
Durante quase duas décadas, o Rio Grande do Sul registrou um verdadeiro impasse na concessão de rodovias. Vivemos uma divisão que praticamente paralisou os investimentos em infraestrutura no Estado. O modelo anterior, estabelecido em polos, era marcado pelas altas tarifas de pedágio e sem obras como contrapartida.
Neste dia 15, veremos a implementação de um modelo distinto com o começo da operação da Rodovia de Integração do Sul, que contempla as BRs 101, 290, 386 e 448. A CCR, uma das especialistas do setor no Brasil, fará a manutenção e modernização dessas rodovias pelos próximos 30 anos.
A perspectiva é positiva porque o projeto não é oriundo apenas de uma proposta fechada do governo federal. De maneira inédita, foi realizado um conjunto de reuniões e audiências públicas com a participação de entidades representativas, prefeitos, Coredes (em especial o Codevat – Vale do Taquari), sindicatos de empresas de transporte de cargas, entre outros, que puderam incidir no projeto. Ao final dos debates, surgiu um novo plano de execução e planejamento, com a inclusão de novos trechos e sugestões de obras, duplicações e viadutos.
Em recente entrevista ao Gaúcha Atualidade (Rádio Gaúcha), os executivos da CCR Roberto Calixto e Ricardo Castanheira reconheceram a importância das audiências públicas. Essas reuniões possibilitaram a revisão para baixo do custo de manutenção das rodovias, reduzindo a projeção das tarifas. A proposta inicial previa valores que partiam de R$ 11 para veículos de passeio, em trechos médios de cem quilômetros. Na licitação, a empresa vencedora conseguiu estabelecer o preço mínimo de R$ 4,40.
É fundamental que a CCR Viasul mantenha um canal de interlocução permanente com os usuários que se organizaram para melhorar a proposta de concessão. Assim, ela vai diminuir os riscos e antecipar problemas, garantindo um bom fluxo de investimentos. Mecanismos efetivos de controle social e transparência tendem a evitar conflitos e demandas judiciais.
O modelo recente já está aí para ser seguido. E segui-lo é a garantia de que o trajeto dos próximos 30 anos será percorrido de uma maneira mais tranquila e segura.