Por Mônica Timm de Carvalho, mestra em Gestão Educacional, diretora-executiva da Plataforma de Leitura Elefante Letrado
O futuro da educação dependerá do projeto civilizatório com o qual ela estiver comprometida. Países desenvolvidos, que conquistaram tal condição por atribuir à educação status de prioridade nacional, já alocaram pesquisa e pesados esforços na readequação de currículos, métodos de ensino e práticas de gestão. Seus projetos já não identificam sentido numa sociedade pautada pelo modelo industrial da previsibilidade, padronização, fragmentação e repetição. Novos propósitos de desenvolvimento pressupõem sujeitos habilitados a conviver com a inquietação, a incerteza, o imprevisível e o diferente, marcas desses tempos tecnológicos e de aceleração da realidade.
Estudos trazem notícias sobre as ainda raras experiências exitosas no meio educacional e ocupam-se em também fazer projeções para a educação do futuro. Em comum, esses trabalhos sustentam que as definições referentes às práticas educacionais precisam estar alinhadas ao compromisso radical com a aprendizagem, apontando como objetos prioritários de conhecimento a leitura, a escrita e a matemática. A novidade é a codificação também assumindo condição de linguagem instrumental para a aprendizagens das demais áreas do conhecimento.
Mais do que meio para classificar o desempenho dos estudantes, a avaliação passa a servir prioritariamente como evidência do impacto do ensino na aprendizagem. Se as expectativas não são atingidas por uns, novas estratégias didáticas são implementadas, de modo a que se garanta atendimento às individualidades. Uma educação monolítica, padronizada e efetiva apenas para poucos está fadada a perder relevância já nas próximas décadas.
Seja por meio de projetos interdisciplinares, aula invertida, ensino híbrido e/ou experiências de intervenção na realidade, um futuro promissor para a educação só acontecerá quando o direito à liberdade de ensinar, entendido como a autoria na tomada de decisões pedagógicas, estiver a serviço do direito de aprender. E aos países que não estabelecerem uma visão clara de futuro para a sua gente, associada ao compromisso de todos com resultados educacionais visíveis, restarão a fuga crescente de seus jovens mais talentosos, o desemprego em massa, a corrupção e a violência generalizada – consequências que a falta de priorização à educação traz às nações que optam por ser incautas.