Por Igor Oliveira, consultor empresarial
Os questionamentos sobre a disseminação de notícias falsas no Facebook levaram a corporação americana a uma histórica vitória estratégica. Perante o parlamento americano e, depois, o parlamento europeu, Mark Zuckerberg, presidente da companhia, garantiu que a plataforma digital vai agir para impedir o avanço de fake news, sobretudo nas várias eleições que acontecem neste ano ao redor do planeta.
O que, no princípio, parecia pressão das autoridades sobre o Facebook, se revelou o exato oposto: uma oportunidade para a empresa se posicionar como guardiã da verdade. Em outras palavras, ser o censor que escolhe o que é verdade e o que não é.
Quando, em 1949, George Orwell escreveu o best-seller 1984, pouca gente imaginava que seria uma empresa a desempenhar o papel do Ministério da Verdade, aquele que tem a função de escrever a história. E que o poder desse ministério não respeitaria fronteiras. Pois é isso o que acontece hoje, basicamente, pelas mãos de três corporações globais: Facebook (que também possui Instagram e WhatsApp), Alphabet (do Google) e Tencent (dona do WeChat).
Essa realidade demonstra o sucesso de políticas industriais distintas. O apoio ao Vale do Silício, primeiro com dinheiro militar, depois com subsídio à indústria de capital de risco. E, do lado chinês, a reserva de mercado a empresas nacionais na internet, coisa que somente seria possível em uma nação tão grande. De uma forma ou de outra, o Estado é parceiro dessa indústria de tecnologia tão poderosa.
Temos, como civilização, o desafio de permitir que pessoas e comunidades cresçam livres do controle exercido por essas enormes estruturas. Uma batalha que está apenas começando, já que vêm aí níveis de conectividade e interatividade muito maiores.