O fundador e diretor-executivo do Facebook, Mark Zuckerberg, pediu desculpas formalmente nesta terça-feira (10), no Senado dos Estados Unidos, por falhas de segurança da rede social – que permitiu o uso abusivo de dados privados dos usuários.
— Não adotamos uma visão ampla o suficiente de nossa responsabilidade, e foi um erro enorme. Foi meu erro, e sinto muito. Eu comecei o Facebook, eu o administro, e sou responsável pelo ocorrido — disse Zuckerberg.
O empresário bilionário de 33 anos participou de audiência em uma sessão conjunta de duas comissões do Senado, por mais de cinco horas, em pleno escândalo provocado pelas denúncias sobre o uso não autorizado de dados pessoais de usuários.
O mais grave capítulo do escândalo foi a revelação de que as informações foram usadas de forma não autorizada pela consultoria Cambridge Analytica para definir a retórica de Donald Trump em sua vitoriosa campanha à Casa Branca, em 2016.
Os senadores interrogaram Zuckerberg sobre a forma como o modelo de negócios do Facebook (e suas plataformas associadas) recolhem e utilizam informações baseadas em dados gerais dos próprios usuários.
Modelo questionado
Na abertura da audiência, o senador Chuck Grassley afirmou que o escândalo mostrou que os usuários de redes sociais "não entenderam por completo a quantidade de seus dados que são coletados, protegidos, transferidos, usados e abusados".
No entanto, o executivo defendeu o modelo de negócios do Facebook. De acordo com Zuckerberg, a rede "não vende dados a anunciantes", mas os utiliza para direcionar a publicidade.
— Nenhuma empresa tem acesso aos dados de nossos usuários — assegurou.
O CEO disse também que o Facebook exigiu que a Cambridge Analytica eliminasse os dados que tinha obtido sobre usuários da rede social, mas posteriormente verificou-se que isso não havia ocorrido.
Parte do interrogatório a Zuckerberg se concentrou nos esforços do Facebook para evitar a divulgação de informações falsas e a alegada influência da Rússia nas eleições presidenciais de 2016 nos Estados Unidos. O executivo disse que a rede social desenvolveu ferramentas baseadas em inteligência artificial e que ampliou o número de funcionários para combater esses problemas.
— Há pessoas na Rússia cujo trabalho é tentar explorar nossos sistemas, e outros sistemas cibernéticos (...) Então, é como uma corrida armamentista. Eles se tornam melhores e nós temos que nos tornar melhores também — disse.
Zuckerberg apontou também que o Facebook pode ter recebido intimações judiciais para colaborar com a investigação liderada pelo procurador especial Robert Mueller sobre a ingerência da Rússia nas eleições norte-americanas.
— Nosso trabalho com o procurador especial é confidencial — disse, acrescentando que "poderia haver" intimações a funcionários do Facebook, "mas sei que estamos trabalhando com eles".
— Quero ser cuidadoso porque quero ter certeza de que podemos discutir isto em uma audiência pública e revelar algo que é confidencial — acrescentou.
Protestos no Congresso
Enquanto dentro do Senado Zuckerberg era submetido a interrogatório, um dos jardins externos do Capitólio era palco de um protesto. Com dezenas de bonecos de papelão com a imagem do empresário, manifestantes reclamavam da demora da empresa em adotar medidas para proteger os dados de seus usuários.
Investigada e denunciada em ambos os lados do Atlântico, a rede social começou na segunda-feira a informar os usuários cujos dados podem ter caído nas mãos da Cambridge Analytica.
O Facebook anunciou, nesta terça-feira, que recompensará as denúncias apresentadas sobre o uso abusivo de dados pessoais. O valor será "baseado no impacto de cada relato", disse Greene, com um mínimo de 500 dólares para casos verificados que afetem 10.000 pessoas ou mais.