O jornalista Henrique Ternus colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço.
Apesar de estar em férias, o governador Eduardo Leite criticou a decisão do presidente Lula de manter a presença da embaixadora brasileira na posse do ditador Nicolás Maduro na Venezuela. Pelas redes sociais, Leite disse que o ato "significa legitimar um processo eleitoral marcado por evidentes violações democráticas" e que isso "sinaliza uma postura incompatível com nossa tradição diplomática".
"Nossa política externa deve estar inequivocamente ao lado da democracia e dos direitos humanos. Participar desta cerimônia enfraquece a credibilidade do Brasil como defensor desses princípios fundamentais. O Brasil tem responsabilidade histórica na defesa da democracia na América Latina. Temos de retomar essa tradição, não endossar retrocessos. O compromisso com a democracia precisa ser manifestado na prática, e não apenas no discurso", escreveu o governador gaúcho.
A participação brasileira no evento em Caracas foi fortemente questionada após o ataque sofrido pela líder da oposição venezuelana, Maria Corina Machado, na tarde de quinta-feira (9). Após meses de clandestinidade, ela reapareceu em um protesto contra a posse de Maduro quando os opositores acusaram o governo de a terem prendido — o regime chavista negou.
Nesta sexta-feira (10), o governo federal confirmou a decisão de enviar a embaixadora Glivânia Maria de Oliveira à cerimônia. Desde a eleição conturbada de julho de 2024, em que Maduro foi declarado vencedor sem apresentar as atas de votação, Lula manteve certa distância do líder venezuelano. O presidente brasileiro afirmou que não reconhecia a vitória do aliado sem a divulgação da documentação eleitoral, e foi desaconselhado a viajar ou enviar representantes do governo à Caracas.
Na quarta-feira (8), Lula organizou no Palácio do Planalto um ato em defesa da democracia, para marcar o ataque aos três poderes em 8 de janeiro de 2023.
— Hoje é dia de dizermos em alto e bom som: Ainda estamos aqui. Estamos aqui para dizer que estamos vivos, e que a democracia está viva, ao contrário do que planejavam os golpistas do 8 de janeiro de 2023. Estamos aqui para dizer: ditadura nunca mais. Democracia sempre — falou o presidente, em trecho do discurso.