Empresas de tecnologia investem milhões em desenvolvimento de aplicativos para os millennials, um público que não quer e não irá pagar para usá-los na maioria absoluta dos casos. Ao mesmo tempo o segmento sênior que acha justo pagar quando percebe valor. O WhatsApp sabe que se começar a cobrar os usuários millennials serão os primeiros a migrar para o Telegram. Simples assim. Enquanto isto crescem os usuários 60+ que integraram os smartphones no seu cotidiano em grupos de mensagens, perfis do Facebook e agora nos serviços de streaming de música. Sim! Tenho um trabalho com a Deezer que demonstra este fenômeno.
O país já está envelhecendo, os 60+ estão vivendo mais e com muita atividade
Acompanho eventos, fóruns e congressos em que o tema central é inovação, disrupção e suas variações. Não vejo o tema UX60+, a user experience dos seniores, na pauta. Para falar a verdade não vejo sequer o consumidor 60+ sendo percebido como o grupo que vai manter a economia girando logo ali na frente. Percebam alguns números do impacto que 14% da população causa no mercado:
Vinte e um por cento do consumo das famílias, principal ou única renda em 22% dos lares, 23% dos clientes de agências de viagens, renda estimada de R$ 800 bi este ano e 18 milhões de celulares com os 60+.
É urgente observar os aspectos demográficos. O país já está envelhecendo, os 60+ estão vivendo mais e com muita atividade. Algumas cidades do país já têm escolas de ensino fundamental com falta de alunos. Não porque não queiram ir para a escola e sim porque as famílias diminuíram de tamanho. Universidades começam a perceber na educação continuada aos 50+ e 60+ um caminho bom para todos _ qualificação para o profissional manter ou reinserir-se no novo mercado e alunos com renda para as instituições. Fiquem atentos pois este ano teremos mais mulheres entre 60 e 64 anos do que meninas de zero a quatro anos no Rio Grande do Sul.
Voltando ao ponto da inovação e disrupção, questiono afinal para quem estão sendo criadas tecnologias? Incluir o consumidor 60+ nos planos de negócios não é apenas uma questão de respeito e sim a sobrevivência de muitos negócios logo ali na frente.