O ex-vice-presidente do Equador Jorge Glas lançou um pedido de ajuda aos líderes de Brasil, Colômbia e México, após ser preso no último dia 5, quando a polícia invadiu a embaixada mexicana em Quito.
"Estou na pior prisão do Equador e em greve de fome. Ajude-me", pede Glas ao presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, em um manuscrito com data de 15 de abril, ao qual a reportagem teve acesso na quinta-feira (18).
Condenado por corrupção, o ex-funcionário está em uma prisão de segurança máxima da cidade de Guayaquil.
O governo do Equador considera ilegal o asilo político concedido a Glas um dia antes da operação policial, alegando que essa figura exclui crimes comuns. Mas o governo mexicano vê sinais de perseguição política contra o ex-vice-presidente, que se refugiou na embaixada em dezembro, quando se encontrava em liberdade condicional.
Glas, 54 anos, agradece a López Obrador pelo asilo e lhe pede "perdão como equatoriano" pela invasão à sede diplomática.
"Existe aqui uma perseguição brutal a todos os progressistas. Somente a ajuda internacional pode fazer alguma coisa", ressalta o ex-vice-presidente em cartas dirigidas a López Obrador e aos presidentes de Brasil e Colômbia.
Em sua mensagem a Lula e Gustavo Petro, presidente colombiano, também com data de 15 de abril, Glas afirma que foi retirado da embaixada com tortura. Petro havia anunciado anteriormente que solicitaria à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) medidas cautelares em favor de Glas, que foi hospitalizado entre 8 e 9 de abril por se recusar a receber alimentos na prisão, segundo autoridades equatorianas.
O ex-vice-presidente refugiou-se na embaixada depois que a Justiça emitiu um mandado de prisão contra ele por outro suposto caso de corrupção.
Origem da crise
A tensão entre México e Equador começou a se intensificar após declarações feitas pelo presidente López Obrador a respeito das eleições no Equador em 2023.
Segundo o portal g1, na quarta-feira (3), Obrador comparou o assassinato de Fernando Villavicencio, candidato à Presidência do Equador, à violência que assola a atual temporada eleitoral no México.
Villavicencio foi morto em agosto de 2023, após um comício em Quito. Enquanto isso, no México, vários candidatos locais foram vítimas de assassinato nas últimas semanas, em meio ao clima de pré-eleição. As eleições mexicanas estão agendadas para junho deste ano.
O presidente mexicano também sugeriu que a candidata de esquerda Luisa González, derrotada nas eleições equatorianas, foi injustamente associada ao assassinato de Villavicencio. Obrador culpou ainda a mídia equatoriana, acusando-a de corrupção.
Em resposta, o governo equatoriano considerou as falas de Obrador "infelizes" e, como medida de retaliação, declarou a embaixadora mexicana "persona non grata", um termo jurídico para indicar que um representante oficial estrangeiro não é mais bem-vindo no país anfitrião.