O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira (13) que o Brasil quer "diversificar as relações comerciais" com a China e agradeceu o governo chinês por, segundo ele, ter defendido a "soberania da Amazônia" brasileira.
— É um gesto de grandeza que nos fortaleceu e muito. Sempre agradeceremos por essa oportunidade — declarou Bolsonaro, ao lado do presidente chinês Xi Jinping.
Xi está no Brasil no âmbito da cúpula dos Brics (bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). O mandatário chinês participou na manhã desta quarta de uma reunião bilateral com Bolsonaro no Palácio do Itamaraty.
— Os acordos assinados, bem como os protocolos de intenção, serão potencializados por nós para o bem dos nossos povos — acrescentou o presidente brasileiro.
— A China cada vez mais faz parte do futuro do Brasil. O nosso governo vai cada vez mais tratar com o devido carinho, respeito e consideração esse gesto do governo chinês — concluiu.
Ao agradecer o governo chinês, Bolsonaro se referiu à crise ambiental deflagrada com as queimadas na Amazônia. Em agosto, o presidente da França, Emmanuel Macron, chegou a propor a discussão de um status internacional para a Amazônia, o que gerou acusações por parte de Bolsonaro de que o francês estaria querendo interferir na soberania nacional.
À época, o número dois da embaixada da China no Brasil, Qu Yuhui, afirmou ao jornal O Globo que a política ambiental do Brasil era uma das mais rigorosas do mundo e que a crise era fabricada.
Bolsonaro também se referiu à promessa de Xi de importar produtos de maior valor agregado do Brasil. Essa é uma das maiores queixas do governo brasileiro, que quer diversificar as vendas para a China, atualmente concentradas em commodities. A China é o maior parceiro comercial do Brasil. De janeiro a outubro deste ano, o Brasil exportou US$ 51,5 bilhões e importou US$ 30,077 bilhões da China.
Em seu pronunciamento nesta quarta, Xi Jinping afirmou, por sua vez, que Brasil e China são os maiores mercados emergentes dos seus respectivos hemisférios e que as duas nações partilham interesses comuns.
Após a reunião entre Bolsonaro e Xi, foram assinados atos oficiais de cooperação dos dois países. Entre eles, há um tratado sobre a transferência de pessoas condenadas de um país ao outro; um memorando de entendimento entre autoridades de transporte; um protocolo sanitário para exportação de pera chinesa e melão brasileiro; um plano de ação na área de agricultura; memorandos de entendimento sobre medicina tradicional e de cooperação no setor de serviços; um ato de incentivo de investimentos, entre outros.
No âmbito das recentes conversas entre os dois governos, foram habilitados mais 13 estabelecimentos de proteína animal (aves, bovinos e suínos) para exportar para a China. Também foi autorizada a exportação de melão para o gigante asiático — primeira fruta brasileira autorizada a entrar no mercado chinês.
Para além da parceria comercial, a China também acatou a pedido de Jair Bolsonaro referente ao megaleilão do pré-sal. O jornal Folha de S.Paulo mostrou que, para evitar a ausência de interessados estrangeiros, o chefe do Executivo brasileiro pediu a Xi que as petroleiras chinesas participassem do certame.
O pedido ocorreu durante a visita de Bolsonaro à China, em outubro. Naquele momento, o governo brasileiro já temia que não houvesse interesse estrangeiro pelos campos leiloados.
As petroleiras CNOOC e CNODC, controladas pelo governo chinês, entraram com participação de 5% cada uma no consórcio que arrematou o campo de Búzios.