O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira (24) que o Brasil não vai se envolver na guerra comercial entre China e Estados Unidos. A afirmação foi feita em sua chegada ao hotel onde ficará hospedado em Pequim para uma visita de dois dias ao gigante asiático.
— Não é briga nossa — afirmou. —Queremos nos inserir sem qualquer viés ideológico nas economias do mundo — completou.
Ao ser questionado pelos repórteres se tinha algum constrangimento por se encontrar com o presidente chinês, Xi Jiping, que também é secretário-geral do Partido Comunista, Bolsonaro negou e acrescentou:
— Estou num país capitalista.
As declarações representam uma mudança importante em relação à retórica de campanha, quando o então candidato chegou a visitar Taiwan. Ele afirmou na época que "a China não estava comprando no Brasil, mas comprando o Brasil".
Os comentários provocaram mal-estar no governo chinês, mas aos poucos as relações foram se normalizando depois que Bolsonaro tomou posse. Em maio, o vice-presidente Hamilton Mourão visitou a China e ajudou a acalmar as autoridades locais.
Um tema, no entanto, ainda parece sensível: o papel da gigante de telecomunicações Huawei, que domina a tecnologia 5G. Os Estados Unidos têm feito pressão para que o Brasil não permita que a empresa chinesa participe de licitações no país. Quando perguntado se a Huawei é bem-vinda para investir no Brasil, Bolsonaro foi vago e disse que "por enquanto, fora do radar".
Bolsonaro também comentou a crise nas eleições da Bolívia, onde Evo Morales foi reeleito para a presidência em primeiro turno após apurações polêmicas.
— Existe uma pressão externa da OEA para que haja segundo turno. No meu entender, seria uma posição equilibrada. Muita gente suspeita das eleições, mas não sei o governo voltará atrás.
Durante a tarde desta quinta-feira, está previsto um passeio de Bolsonaro pela Grande Muralha da China para se adaptar ao fuso. Na sexta-feira (25), começa a agenda oficial no país.