Os 955 mineiros que estavam presos debaixo da terra na África do Sul desde a noite de quarta-feira (31) foram resgatados na madrugada desta sexta-feira (02), anunciou a a empresa Sibanye Gold.
– Todos saíram – afirmou James Wellsted, porta-voz da Sibanye Gold.
O incidente não provocou nenhuma vítima, apenas alguns casos de desidratação e de pressão arterial elevada, mas nada "grave", disse o representante da empresa.
O corte de energia provocado por uma tempestade na quarta-feira à noite paralisou os elevadores, o que impediu a saída de quase toda a equipe do turno da noite da mina Beatrix, que fica próxima da cidade de Wilkom, centro do país.
Depois de várias horas de trabalho, as equipes de resgate conseguiram restabelecer a energia elétrica e acionar os elevadores. Os geradores da mina que deveriam ser ativados no caso de um corte de energia elétrica não funcionaram, reconheceu Wellsted.
Várias famílias, mantidas a uma certa distância pelos agentes de segurança da mina, esperava com nervosismo ter notícias de seus parentes.
– Não tenho notícias desde as 21h00 de ontem à noite – disse na quinta-feira a mulher de um mineiro que pediu para não ser identificada.
Innocentia, a mulher de outro mineiro, não perdeu a esperança durante todo o incidente.
– Somos otimistas, nos disseram que estão bem – afirmou.
A tempestade que atingiu na quarta-feira à noite a mina, que fica 290 quilômetros ao sudoeste de Johannesburgo, danificou o cabeamento de alimentação elétrica do local. Uma parte da infraestrutura foi consertada durante o dia, acrescentou Wellsted.
A Associação do Sindicato de Mineradores denunciou "a falta de planos de resgate na mina em termos de fontes alternativas de eletricidade" e falou de um "incidente muito grave, levando em conta o elevado número de mineiros bloqueados".
A principal central sindical do país, Cosatu, pediu imediatamente "uma investigação sobre este acidente" e exigiu que a companhia seja responsabilizada por negligência.
Os acidentes em minas são frequentes na África do Sul, que possui as mais profundas no mundo. Em 2015 morreram 77 pessoas nesses locais, segundo a Câmara Sul-Africana de Minas.
Durante décadas, as minas, particularmente de ouro, foram o único motor de crescimento da economia sul-africana. No entanto, sua produção caiu recentemente devido ao esgotamento de suas reservas.