Mais duas pessoas presas na operação Capa Dura foram soltas neste sábado (27). Ganharam liberdade a ex-secretária da Educação de Porto Alegre (Smed) Sônia da Rosa e o empresário Jailson Ferreira da Silva. Os dois eram os únicos dos quatro presos na ação que seguiam detidos. No meio da semana, ambos tiveram a prisão temporária de três dias prorrogada por mais dois, com vencimento neste sábado.
Na terça-feira, a ex-coordenadora pedagógica Michele Bartzen e a ex-assessora técnica Mabel Luiza Leal Vieira haviam sido liberadas menos de 24 horas antes da prisão. A disposição em auxiliar a apuração, inclusive com indicação de evidências, ajudou na antecipação da soltura delas na terça.
Sônia assumiu o comando Smed em 3 março de 2022. Ela trouxe para integrar o seu gabinete pessoas de confiança, como Mabel e Michele. Todas elas são servidoras de carreira em Canoas.
Em 9 de março de 2022, com menos de uma semana à frente da Smed, Sônia recebeu Jailson para debater sobre os livros da editora Inca para o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb). Uma semana depois, a Smed iniciou os processos administrativos que culminaram em seis compras junto às empresas ligadas a Jailson, somando R$ 43,2 milhões em pagamentos. Cinco dessas aquisições são relacionadas aos livros sob investigação, com dispêndios de R$ 34 milhões. A outra venda relacionada a Jailson, que não é parte deste inquérito, se refere a 104 laboratórios de matemática e ciências.
A investigação, da 1ª Delegacia de Polícia de Combate à Corrupção (1ª DECOR), do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), apura suspeitas de fraudes licitatórias e associação criminosa.
Grupo de Investigação da RBS
Reportagens do Grupo de Investigação da RBS (GDI) revelaram que as publicações estavam encaixotadas aos milhares, sem uso por estudantes, em galpões.
Parte do material estava sob goteiras, umidade e fezes de aves. Nas escolas, também foi flagrada grande quantidade de livros encaixotados. Diretores e professores relataram não ter havido planejamento e disseram ter recebido exemplares em quantidade excessiva para as atividades letivas.