A vereadora Mari Pimentel (Novo) fez requerimento pedindo que a ex-secretária municipal de Educação de Porto Alegre Sônia da Rosa e a ex-servidora Mabel Luiza Leal Vieira sejam investigadas e tenham os sigilos telefônico e telemático quebrados. Mari preside uma das Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) que apuram supostas irregularidades em compras feitas pela pasta sob a gestão de Sônia.
Os requerimentos serão votados na próxima sessão conjunta das CPIs, na segunda-feira (23).
— Se a quebra dos sigilos for aprovada pelos membros da CPI, a procuradoria da Câmara faz uma petição ao Poder Judiciário, que poderá acatar o pedido e determinar as quebras ou não. A fundamentação do pedido será analisada — explicou o diretor legislativo da Câmara de Vereadores, Luiz Afonso de Melo Peres.
A justificativa de Mari para a medida é de que Mabel revelou, em conversas por WhatsApp, fatos considerados graves, principalmente sobre suposta interferência de agentes políticos para direcionar compras a determinadas empresas. Durante o depoimento à CPI, no entanto, Mabel não confirmou as informações. Em sessões ocorridas posteriormente, Mari apresentou trechos das falas de Mabel no WhatsApp durante interrogatórios.
Na sessão da segunda-feira (16), o relator das duas comissões, vereador Mauro Pinheiro (PL), informou o recebimento de documentos enviados pela ex-secretária Sônia por intermédio de seu advogado. O material continha um vídeo declaratório de Mabel. O vereador Idenir Cecchim (MDB), que preside a outra comissão sobre o mesmo tema e que conduzia a sessão, determinou que o vídeo fosse apresentado no telão.
Na gravação (leia trecho abaixo), Mabel diz que agiu por vingança contra o governo por ter sido exonerada da Smed. Ela negou ter informações que desabonem pessoas do governo Sebastião Melo.
Ainda em outro requerimento a vereadora Mari pediu a quebra de sigilos bancário e fiscal e que passem da condição de testemunhas para a de investigados os empresários Sérgio Bento de Araújo e Jailson Ferreira da Silva, ambos ligados a empresas que fizeram vendas à Smed.
Trecho da gravação de Mabel Luiza Leal Vieira apresentada na CPI:
Dia 18 de julho fui exonerada abruptamente, o que me deixou entristecida, desequilibrada, em função de que eu não estava preparada para isso financeiramente, pois eu tenho um planejamento econômico, eu sou mãe, sou solteira, tenho filho em idade escolar, tenho um planejamento e muitas coisas a honrar. Naquela ocasião eu fiquei brava, incomodada e, erroneamente, eu quis uma certa questão de vingança contra o governo de Porto Alegre, uma atitude imatura. Eu tava ali com troca de medicação, fragilidade, tive um afastamento por questão psiquiátrica, e procurei uma vereadora da oposição para conversar. Essa vereadora me acolheu, me deu segurança, me deixou segura e me instigou, de alguma forma, a trabalhar contra o governo. Tivemos uma conversa durante alguns meses, até o meu depoimento e ela viu que eu não ia declarar nada que não fosse verdadeiro. Num primeiro momento, eu falei coisas erradas, que machucaram e desonraram umas pessoas do governo porque eu estava com raiva. Mas depois, ela viu que eu não ia levar isso adiante, porque se eu quisesse levar adiante eu teria até relatado isso ao Ministério Público. Enfim, não há nada que desabone essas pessoas. Dia 11 de setembro, eu fiz meu depoimento que é verídico, é válido, eu validei. Não há nada de diferente.
Inclusive, essa vereadora, Mari Pimentel, ela deu meu contato para a imprensa, a imprensa entrou em contato comigo, duas vezes, conversamos e, em nenhum momento, eu falei algo que não fosse aquilo que estava de acordo com meu depoimento. Então, não há nada que desabone as pessoas que eu tentei ferir e nem o meu depoimento. Também vi por meio das redes que áudios meus foram veiculados tanto na imprensa como nas redes sociais de alguns servidores sem a minha autorização e eles foram manipulados, porque eles foram juntados em um só e cortados. Então, não é válido também. E esse vídeo aqui eu estou fazendo para esclarecer essas questões, pra falar sobre essas questões que aconteceram e eu não autorizo que eles sejam veiculados tanto na mídia quanto em perfis nas redes sociais de vereadores.