O advogado Alessandro Batista Rau, citado em reportagem do Grupo de Investigação da RBS que revelou esquema de fraudes em créditos de processos trabalhistas, foi alvo de operação da Polícia Federal na manhã desta sexta-feira (14). Além de suspensão do exercício de atividade, ele passa a ser monitorado por tornozeleira eletrônica.
Conforme a Polícia Federal, a investigação começou a partir de um alerta da Justiça do Trabalho com informações de que o escritório estaria atuando em contrariedade aos interesses de seus clientes, com prestação de informações falsas e compra de créditos por uma empresa, a Pertto Perícias, ligada ao seu pai, o contador Carlos Roberto Rau.
Nos últimos dois meses, o Grupo de Investigação (GDI) analisou processos. Uma das condutas sob suspeita, e que deu início à investigação da Polícia Federal, envolve um processo com valor de R$ 1,8 milhão - sendo que R$ 400 mil estavam disponíveis para saque sem conhecimento do trabalhador. Na negociação, o cliente recebeu só R$ 75 mil.
Segundo a PF, as fraudes estavam sendo replicadas em diversas ações trabalhistas. O GDI apurou que são pelo menos 198 processos em que o escritório de Rau é o representante do autor e a empresa Pertto foi indicada para receber valores.
Além do monitoramento, foram cumpridos mandados de busca e apreensão, para encontrar documentos e provas em Porto Alegre, Canoas e Xangri-Lá. Também foram bloqueados bens e valores para uma eventual indenização às vítimas ao final da investigação.
Contraponto
O que diz o defensor de Alessandro Batista Rau
O advogado Gustavo Nagelstein, que defende o suspeito Alessandro Batista Rau, informa que enviará uma nota completa à imprensa nas próximas horas, mas antecipa que ficou surpreso com a medida, porque já haviam explicado todos os detalhes para a Polícia Civil. Na última quarta-feira (12), Nagelstein e Rau foram à Polícia Federal para dar mais explicações e adotar a mesma postura: contribuir com o inquérito e se colocar à disposição.
— Não configura ilicitude, já todos os valores que são objeto de averiguação estão documentados, foram combinados com os clientes e repassados anteriormente, com recibo e tudo. Qual a possibilidade de algo ilícito? Infelizmente nos surpreende — ressalta Nagelstein.
Para o advogado, o caso do seu cliente já está sendo tratado como um golpe certo e ele destaca que é preciso cautela, que há um processo pela frente. No momento, o caso está na fase de investigação, mas Nagelstein, que diz ter certeza da comprovação futura da inocência de Rau, ressalta o fato da imagem do seu cliente ter sido manchada. Segundo ele, 20 anos de trabalho que precisam agora ser recuperados pouco a pouco.