O Ministério Público de Campo Bom incluiu a empresa Air Liquide oficialmente como investigada no caso das seis mortes ocorridas no Hospital Lauro Reus, em 19 de março.
A decisão é da promotora Letícia Elsner Pacheco de Sá e se deve ao fato de o hospital ter concluído sindicância imputando responsabilidade à empresa pela interrupção de fornecimento de oxigênio, que teria causado a morte de pacientes de covid-19 entubados.
A Air Liquide é a fornecedora de oxigênio do Lauro Reus e, segundo o hospital, deixou de repor o produto mesmo tendo sido avisada de que os índices estavam baixos.
— A investigação começou com o hospital, que foi onde ocorreram as mortes. A Air Liquide vinha sendo tratada como possível investigada. Os advogados tiveram acesso e ela apresentou dados se isentando de responsabilidade pelo fato de que o Lauro Reus teria manuseado equipamento que só ela pode ter acesso. Agora, o hospital traz elementos novos, indicando quebra de cláusulas contratuais por parte da empresa. Como uma imputa responsabilidade a outra, as duas serão investigadas — explicou a promotora.
O MP deve solicitar mais documentos à Air Liquide, além de analisar a íntegra da sindicância do hospital, que é administrado pela Associação Beneficente São Miguel (ABSM). A apuração interna foi entregue a autoridades nesta terça-feira (18).
De forma resumida, divulgada por meio de nota, a conclusão apontou que "houve a falta no reabastecimento de oxigênio líquido por parte da empresa, onde a mesma deixou transcorrer o prazo do sistema central de back up". Na nota, o hospital informou ter encaminhado a sindicância para Ministério Público Estadual e Federal, Polícia Civil, Secretaria Estadual da Saúde e prefeitura de Campo Bom.
Na semana passada, relatório preliminar da CPI da Câmara de Vereadores revelou que autoridades investigam possível ligação de outras 15 mortes com a interrupção de fornecimento de ar. O delegado Clóvis Nei da Silva confirmou a apuração.
Contraponto
O que diz a empresa Air Liquide:
"No dia 19 de março, a Air Liquide foi acionada pelo Hospital Lauro Reus para fornecer suporte técnico e auxiliar na ativação do sistema de backup de oxigênio. A equipe da Air Liquide prontamente ofereceu suporte remoto para a equipe de manutenção que estava no hospital para iniciarem com sucesso o sistema backup. Além disso, a Air Liquide forneceu ao hospital novos cilindros de oxigênio para complementar os reservas, que já estavam cheios e em operação quando eles nos contataram.
Atualmente, os fatos estão sendo investigados. A Air Liquide continua colaborando com o governo local, autoridades da saúde e com as investigações em questão".