A representação do Movimento Escoteiros do Brasil no Rio Grande do Sul pediu nesta quinta-feira (15) a abertura de processo ético-disciplinar contra o ex-chefe de escoteiros André Carvalho Lacerda. A medida foi adotada com base em reportagem de GaúchaZH que revelou, nesta quinta-feira (15), que um grupo de ex-escoteiros de Fontoura Xavier, no norte do Estado, sustenta ter sofrido abusos sexuais por parte de André.
O movimento também quer que sejam cassadas condecorações que André tenha recebido ao longo de 35 anos de atuação no escotismo. Conforme a União dos Escoteiros do Brasil (UEB), André não está mais associado ao movimento desde 2016, quando deixou de renovar sua inscrição. Com o resultado do processo ético-disciplinar, ele pode ser impedido de voltar a atuar oficialmente junto ao movimento.
André ingressou no escotismo com 13 anos, no Grupo Escoteiro Japão, em Porto Alegre. Chegou a presidir o grupo e recebeu duas condecorações: medalha pro bons serviços, pelo tempo de atuação, e medalha de gratidão, por atividades relevantes. O movimento quer a cassação de condecorações que tenham sido dadas a André.
Gerente de banco, André, 52 anos, chegou em Fontoura Xavier em 2007, onde fundou o Grupo Escoteiro Guamirim. Desde o ano passado, ex-integrantes do grupo têm procurado a polícia para falar de abusos que teriam ocorrido em acampamentos e na casa de André. Os relatos revelam a forma como o chefe André teria agido: alegava ter câncer e precisar do sêmen de jovens para se curar.
O Movimento Escoteiro emitiu nota na manhã desta quinta-feira (15), destacando:
"Ressaltamos sempre que não pactuamos com qualquer forma de abuso contra pessoas, em especial contra crianças e adolescentes e demais vulneráveis. Somos contra a violência em qualquer uma de suas formas ou meio social. Casos isolados e pontuais receberão dos Escoteiros do Brasil o devido e adequado tratamento, sem tolerâncias, com a adoção das medidas pertinentes, sem exceção. Ressaltamos assim, a todos que interessar, que o adulto envolvido nas notícias não faz parte deste Movimento, desde 2016. Assumimos um compromisso com a sociedade de assegurar um ambiente escoteiro seguro para as práticas das atividades educacionais, alinhado ao Estatuto da Criança e do Adolescente que estabelece que é dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou violação dos direitos da criança e do adolescente".
Conforme o presidente da Região Escoteira do Rio Grande do Sul, Mário Muraro, o pedido para abertura de processo ético-disciplinar contra André foi feito em caráter de urgência e será encaminhado à Comissão Regional de Ética e Disciplina e ao Conselho de Administração Nacional para análise e decisão acerca da cassação das condecorações e do banimento do ex-associado.
Investigação
A decisão é uma repercussão de reportagem especial do GDI, dividida em seis partes. Clique para acessar os conteúdos já publicados sobre o tema: