A urgência da transição energética faz com que as fontes limpas estejam sendo cada vez mais adotadas tanto em pequenas quanto em grandes organizações. Além do custo, o consumo de energia também é pensado do ponto de vista da sustentabilidade. De acordo com levantamento da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), de toda a energia produzida em 2023 no Brasil, 93,1% foi proveniente de fontes renováveis.
Além disso, conforme o estudo, o índice de emissão de carbono também foi mais baixo. Em 2023, o Brasil atingiu a menor taxa dos últimos 11 anos, de acordo com o Sistema Interligado Nacional. A produção foi de 38,5 kg de dióxido de carbono (CO²), por megawatt/hora gerado.
Mais democrática, já que cada residência pode ter sua própria "usina" e gerar sua energia, a fotovoltaica utiliza a radiação solar para produzir eletricidade. Empresa que produz embalagens, situada no Bairro Farrapos, em Porto Alegre, a Cartonagem Hega aderiu ao sistema fotovoltaico com a instalação de 114 painéis solares em 2019 e a economia logo foi perceptível, conforme o sócio-diretor Albert Feser:
— Como já estávamos no início do verão 2020, período de maior geração em função da estação do ano, a redução (de gastos) foi imediata, restando apenas as taxas básicas da conta de luz para serem pagas.
Feser relata que a iniciativa de instalar se deu para garantir que a empresa atuasse de forma mais responsável em relação ao ambiente, o que também incentiva outras ações pela descarbonização:
— Além do sistema de placas fotovoltaicas, instalamos telhas translúcidas para melhorar a iluminação do pavilhão — explica.
Fontes renováveis
A Lojas Renner S.A. também faz sua parte na transição energética. As iniciativas, porém, não são de agora. Em 2012, foi realizado o primeiro contrato de compra do mercado livre, a partir de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH) e, em 2018, foram implantados três empreendimentos de geração de energia solar, que estão localizadas em Vassouras (RJ), Pantano Grande (RS) e Café Sem Troco (DF).
A partir de 2021, a Renner passou a adquirir energia do Parque Eólico Fontes dos Ventos II, da Enel Green Power que, além de abastecer parte das lojas, oferece energia para o centro de distribuição em Cabreúva (SP). Inaugurado em 2022, o centro recebeu o certificado LEED, da sigla em inglês Leadership in Energy and Environmental Design nível “Gold”, um dos mais importantes selos internacionais de sustentabilidade na construção civil.
Em nota, a Renner S.A. diz que “todas estas iniciativas garantem que 100% do consumo de energia elétrica nas operações internas seja de fontes renováveis de baixo impacto – solar, eólica e PCH, que têm baixa/zero emissão de gases de efeito estufa”.
O professor do curso de Engenharia Elétrica da Universidade Feevale Vagner Maciel Cunha, que também utiliza energia fotovoltaica em sua casa, garante que a redução de gastos é expressiva:
— Usando placas solares eu pago somente a tarifa do trifásico e os impostos. Em termos de economia o benefício sempre é muito bom. Geralmente o que mais demanda na hora de contratação energética é a questão econômica, tanto para residencial, quanto para indústria ou empresas.
Mobilidade do presente e do futuro
Há duas semanas, no dia 8 de outubro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a Lei do Combustível do Futuro, com uma série de iniciativas para promover a mobilidade sustentável de baixo carbono e consolidar a posição do Brasil como líder da transição energética global. A lei institui programas para incentivar a pesquisa, a produção, a comercialização e o uso de biocombustíveis.
Antes mesmo da sanção, empresas preocupadas com a descarbonização já atuavam com frota de veículos movidos a gás e a eletricidade, como a Reiter Log – Soluções Logísticas, com sede em Nova Santa Rita, na Região Metropolitana. A diretora de ESG, Vanessa Pilz, destaca que a empresa tem 248 caminhões movidos 100% a gás com foco em biometano e 30 totalmente elétricos de perfil leve e pesado.
— Sabemos que o transporte representa 25% das emissões de CO² globalmente. Portanto, buscamos ser parte também da solução minimizando nosso impacto. Desde 2014 iniciamos testes com veículos movidos a energias alternativas, mas foi em 2021 que realmente investimos significativamente, nos tornando a maior frota sustentável do Brasil. A Reiter Log tem a meta de trabalhar com veículos 100% movidos a energia alternativa até 2035 — detalha Vanessa.
É o compromisso com a sustentabilidade, segundo a diretora, que faz a Reiter Log continuar trabalhando as práticas ESG para além da descarbonização, pensando também no "S" da sigla – que significa social e que inclui iniciativas de diversidade, equidade e inclusão. Assim, a empresa deve ampliar o número de mulheres motoristas, qualificando as profissionais que desejam seguir a carreira e garantindo a entrada delas no mercado depois do período de imersão.
— Somos uma das empresas do setor que mais emprega mulheres motoristas: hoje são 40 colaboradoras. Implantamos a primeira escola de motorista para mulheres no Sul do país e estamos atentos à diversidade de gênero, raça e PCDs. A sustentabilidade está no DNA da Reiter Log e nossas iniciativas são fortemente percebidas pelos colaboradores, que se engajam e também fazem parte desse compromisso, dentro e fora da empresa.
Neutralização de carbono nas operações
Em janeiro de 2022, em demonstração de alinhamento com a agenda ESG, a Transpotech Equipamentos começou a incluir elétricos em sua frota. Atualmente, segundo o coordenador de Frota e Patrimônio da Transpotech, Mauricio Morauer, são 11 veículos, sendo 10 automóveis para uso comercial ou administrativo e um caminhão pequeno para uso na operação:
— Os veículos possuem autonomia de 300 quilômetros e são carregados na própria empresa, que conta com usinas fotovoltaicas na sede, em Blumenau (SC), além de Curitiba (PR) e Nova Santa Rita (RS), além da possibilidade de serem carregados em tomadas 220V. Juntas, totalizam 79 toneladas de neutralização de carbono por ano, que equivale a 2,1 mil árvores — menciona Morauer.
Também neste ritmo, desde 2023 a Renner conta com dois veículos 100% elétricos para a distribuição de mercadorias em suas lojas na cidade de São Paulo: uma van e um veículo urbano de carga de um parceiro logístico. A expectativa é que rodem, no total, mais de 90 mil quilômetros por ano, evitando o lançamento de 40 toneladas de CO² na atmosfera durante o período.