Acusado de atropelar um policial militar em setembro do ano passado, em Caxias do Sul, Talis Alves Teixeira foi absolvido pelo Tribunal do Júri pelo crime de tentativa de homicídio, nesta quarta-feira (11). Ou seja, os jurados, por maioria, entendem que o acusado não teve a intenção de matar a vítima. Mas, a sentença do juiz da 1ª Vara Criminal do município é de condenar o réu pelos crimes de lesão corporal de natureza grave e trafegar em velocidade incompatível com o local.
A pena em regime fechado é de cinco anos e três meses. A decisão de manter o acusado na prisão se dá por conta de uma reincidência por dirigir sem a Carteira Nacional de Habilitação (CNH). O caso ocorreu no cruzamento da Rua Luiz Michielon com a BR-116. O policial, Jonatas Ari de Lima Mota, sobreviveu.
De acordo com o promotor de Justiça Ronaldo Lara Resende, o Ministério Público (MP) não deve recorrer da decisão. O órgão defendia a condenação por tentativa de homicídio:
— Recursos nesses casos só cabem quando a decisão é manifestamente contrária à prova dos autos, ou seja, não há vertente alguma probatória que possa dar uma sustentação para a decisão do jurado, que aí o tribunal anula e manda novo júri. Nessa situação específica, há uma linha muito tênue entre o agir culposamente e agir dolosamente. Então, seria inútil colocar um recurso porque esse recurso não surtiria efeito algum para o fim pretendido.
Já a defesa do réu, representada pelos advogados Alexandre Cardoso e Rodrigo Beltrão, afirma que vai recorrer para que Teixeira possa responder em liberdade.
"O júri de hoje foi marcado por um caso extremamente delicado, com imagens impactantes que geraram grande repercussão. Talis foi absolvido da acusação de tentativa de homicídio doloso, mas responderá pelas lesões causadas ao policial, sem que tenha sido reconhecida a intenção de matar. Respeitamos o veredito e reafirmamos a importância de um julgamento justo e baseado nos fatos", afirma Cardoso, em nota.
Beltrão, da mesma forma, acrescenta que é um "resultado importante para a defesa, que demonstrou ao conselho de sentença que não houve tentativa de homicídio e desta feita o julgamento se deu pela absolvição do acusado".
Relembre o caso
O caso ocorreu na BR-116, no cruzamento com a Rua Luiz Michielon, no bairro Nossa Senhora de Lourdes, em 13 de setembro.
Naquele dia, a Brigada Militar (BM) fazia um cerco policial para interromper a fuga de Teixeira, que conduzia um veículo Fiat/Palio vermelho. Ao ir de encontro à barreira, o homem que fugia atropelou o policial, que acabou sendo jogado para o alto com o impacto da batida (veja o vídeo abaixo). Em estado grave, Mota ficou na UTI por 15 dias, 12 deles inconsciente, e mais uma semana internado no hospital.