Dezenas de moradores e empresários reuniram-se no quilômetro 73 da RS-122, próximo ao trevo da Fundação Marcopolo, para pressionar autoridades por medidas de segurança no trecho, no final da tarde desta quarta-feira (11), em Caxias do Sul. O acesso é usado também para o bairro Cidade Nova e para os loteamentos São Giácomo e Reserva do Vale.
O grupo afirma que cerca de 20 empresários da região compraram um conjunto semafórico, ao custo de R$ 70 mil. Porém, ele não teria sido instalado por recusa da concessionária Caminhos da Serra Gaúcha (CSG), que administra o trecho.
Os manifestantes dizem ainda que a compra ocorreu após promessa do prefeito de Caxias do Sul, Adiló Didomenico, de que o equipamento seria utilizado.
Durante 15 minutos, os manifestantes bloquearam um dos lados da via por vez. Ao lado da estrada estava um caminhão com o semáforo comprado e uma faixa com a inscrição “Já compramos, falta vontade política”. Outras faixas foram mostradas pelo grupo para os motoristas que transitavam no trecho, como “chega de acidentes, semáforo já” e “a negligência política tem custado vidas”. O grupo também fez uma oração para encerrar o ato. O protesto pacífico foi acompanhado pelo Comando Rodoviário da Brigada Militar (CRBM).
De acordo com um dos organizadores, o empresário Daniel Longaray, o semáforo foi comprado há seis meses e chegou há três meses. Desde então, o grupo aguarda pela instalação.
— É uma solução paliativa. Vai ter alterações nessa rótula futuramente com a duplicação, só que isso vai demorar. Isso é para o final de 2026. Nós não podemos esperar, tem acidentes aqui semanais, acidentes com morte a cada dois ou três meses. É um fluxo muito grande — argumentou o empresário.
Longaray sugere que o semáforo seja instalado de forma emergencial e que, com a duplicação da via, como está na concessão da CSG, a sinaleira seja retirada.
O que dizem CSG e prefeitura
Em nota, a CSG afirma que aguarda a autorização do Estado para a instalação de um radar no km 72,5, próximo à Fundação Marcopolo. Além disso, segundo a assessoria, a concessionária tomará medidas de emergência, como reforçar a sinalização no local e implantar Linhas de Redução de Velocidade (LRV). A companhia cita também que a solução definitiva para o local virá com a duplicação do trecho. O Estado foi questionado e não houve manifestação até a publicação desta matéria.
A reportagem também questionou a CSG sobre o motivo do semáforo adquirido não ser utilizado. Conforme a assessoria, a concessionária respondeu anteriormente ao grupo que a "solução não seria adequada por poder ocasionar formação de filas, atrasos e redução na velocidade operacional da rodovia, especialmente nos horários de pico". A concessionária reforça que a posição atual, entretanto, é a da nota acima.
Já o prefeito Adiló Didomenico diz que o município buscou desde março tratar uma solução com a CSG e que sinalizou para os empresários comprarem o semáforo após ter recebido inicialmente a aprovação da concessionária:
— Desde março nós viemos tratando esse assunto com a companhia. A questão do semáforo, inicialmente, foi aprovada por eles (CSG). Inclusive, assinalamos para os empresários que podiam comprar o equipamento. Depois, veio a enchente e não conseguimos mais retomar esse assunto. Lamentavelmente, a empresa tem sido muito intransigente. Lamentamos porque, no nosso entender, eles têm o direito da concessão do pedágio, mas não são donos da estrada e, acima de tudo, da vida das pessoas que correm risco diariamente ali.
Já em nota, a Secretaria Municipal de Trânsito, Transportes e Mobilidade (SMTTM), detalha que um projeto para instalação foi enviado à CSG em abril, antes das enchentes. Depois, em setembro, após as complicações da crise climática, a concessionária solicitou estudos complementares destinados à possibilidade da implantação do equipamento semafórico no trecho.
"O trabalho, conduzido pela Diretoria de Projetos da SMTTM, foi entregue apontando como soluções a duplicação do trecho em ambos os sentidos da via, com aparelhos para conversão em ambos os sentidos, ou mesmo um cruzamento em dois níveis por meio de viaduto. Apesar disso, a instalação de equipamento semafórico também foi sugerida. A SMTTM recebeu manifestação da CSG, na oportunidade, de que estaria em curso um estudo para a implantação de controlador eletrônico de velocidade, o que a SMTTM considera menos eficaz do que um equipamento semafórico", diz a nota (confira na íntegra, abaixo).
A nota também compara a atual situação com o trecho do cruzamento da RSC-453 e o acesso a Monte Bérico, quando não existia semáforo no local. A instalação no trecho já completa uma década.
Essa já é a segunda situação em que moradores de Caxias protestam por medidas em um perímetro urbano de rodovia estadual. Antes, em agosto, houve manifestação para uma solução no acesso à Forqueta, no km 64 da RS-122. No local, os manifestantes também queriam a instalação de semáforo.
Nota da Secretaria Municipal de Trânsito, Transportes e Mobilidade
"A Secretaria Municipal de Trânsito, Transportes e Mobilidade (SMTTM) de Caxias do Sul vem a público esclarecer o cronograma de ações propostas em relação àquele entroncamento da RSC-453 com a Fundação Marcopolo, em que já ocorreram diversos sinistros de trânsito.
Ainda no mês de março de 2024, a SMTTM recebeu o empresariado local que manifestou preocupações em relação à segurança viária do trecho, uma vez que já haviam ocorrido sinistros com danos materiais e também óbitos. Após a denúncia, o secretário municipal de Trânsito, Alfonso Willenbring Júnior, compareceu ao local e vistoriou o trecho. A Diretoria de Projetos da SMTTM foi acionada para verificar viabilidade de instalação de equipamento semafórico no local. Paralelamente, houve nova vistoria do secretário ao trecho, desta vez, acompanhado do prefeito Adiló Didomenico.
Naquele momento, empresários e funcionários da Concessionária da Serra Gaúcha (CSG) se encontravam no local. Ficou combinado que a SMTTM encaminharia à CSG um projeto para sinalização e implantação de um equipamento semafórico. Este projeto foi entregue à CSG em abril, ainda antes das enchentes de maio. Passadas as complicações referentes às enchentes, no mês de setembro de 2024, a SMTTM recebeu manifestação da CSG solicitando estudos técnicos complementares destinados à possibilidade da implantação do equipamento semafórico no trecho.
O trabalho, conduzido pela Diretoria de Projetos da SMTTM, foi entregue apontando como soluções a duplicação do trecho em ambos os sentidos da via, com aparelhos para conversão em ambos os sentidos, ou mesmo um cruzamento em dois níveis por meio de viaduto. Apesar disso, a instalação de equipamento semafórico também foi sugerida. A SMTTM recebeu manifestação da CSG, na oportunidade, de que estaria em curso um estudo para a implantação de controlador eletrônico de velocidade, o que a SMTTM considera menos eficaz do que um equipamento semafórico.
A Prefeitura de Caxias do Sul, através da SMTTM, se prontificou à disposição para a implantação e a manutenção do equipamento semafórico no entroncamento. Da mesma forma, o empresariado se propôs a adquirir os equipamentos. Não haveria nenhum ônus à CSG. É importante destacar que a SMTTM possui enorme expertise com a operação e manutenção de equipamentos semafóricos nas rodovias do município de Caxias do Sul. Todos os semáforos instalados na BR-116 e na RSC-453, a exemplo do acesso ao bairro Desvio Rizzo e nas proximidades do Shopping Villagio Caxias, foram instalados e são operados pelo município.
Uma situação se assemelha à realidade vivida atualmente pela comunidade no entroncamento entre a RSC-453 e a Fundação Marcopolo. Há vários anos, manifestações ocorriam no cruzamento entre a RSC-453 e o acesso a Monte Bérico, devido ao elevado número de sinistros – casualmente, o trecho é próximo das atuais instalações da CSG em Caxias do Sul. À época, após a execução de estudos de viabilidade, foi decidido pela instalação de semáforos que até hoje são operados pela SMTTM.
Com a instalação dos equipamentos semafóricos, em uma parceria da Prefeitura de Caxias do Sul com o DAER, cessaram os sinistros transversais, que eram responsáveis por graves sinistros e óbitos. Por fim, cabe salientar que a SMTTM está à disposição da comunidade para auxiliar no tema, mas a oferta manifestada pela pasta não foi aceita pela CSG".