Após cinco dias de falta de energia elétrica em alguns pontos do sul do Estado, a revolta dos moradores só aumenta. Pelo menos quatro manifestações foram registradas recentemente em Rio Grande e Pelotas.
A última ocorreu no domingo (16) no bairro Areal, em Pelotas. Em Rio Grande, durante o final de semana, os manifestantes bloquearam completamente o trânsito na BR-392, no bairro Santa Tereza, e também na Junção, os dois principais pontos de acesso à cidade.
Dentre os diversos relatos de moradores afetados pela falta de energia, chama-se atenção para a situação dos pescadores de Rio Grande. Na Ilha da Torotama, que abriga uma das maiores colônias de pescadores da cidade, os trabalhadores tiveram praticamente todo o estoque de camarão perdido devido ao desligamento dos refrigeradores. A situação afeta também os moradores das ilhas do Leonídio e Marinheiros.
— A situação aqui na ilha foi catastrófica. Entrou água em muitas residências, casas destelhadas, móveis perdidos, nós estamos desesperados. Se não bastasse isso, a falta de luz desde quarta-feira vai acabar com o nosso trabalho também — afirmou o morador da Ilha dos Marinheiros e vereador Nilton Machado (Republicanos).
Em Pelotas, cidade com mais pontos sem luz, a falta de energia atinge principalmente os moradores dos bairros Areal e Laranjal. São dezenas de postes ainda caídos e fios expostos em vias públicas.
A professora Gabriela Silva está sem luz desde a noite de quarta-feira (12). Ela conta que teve que mudar toda a rotina e praticamente está vivendo na casa de parentes.
— Venho para casa só para dormir. Tenho de fazer as refeições e tomar banho fora de casa. Ficar sem luz por tanto tempo muda toda a nossa vida — explica a professora.
A CEEE Equatorial, responsável pelo fornecimento de energia, ainda não forneceu uma estimativa de quando a situação será normalizada no sul do Estado. O último balanço divulgado pela empresa, às 8h desta segunda-feira (17), aponta que 21,3 mil clientes seguem sem energia elétrica na região sul do Estado. As cidades mais afetadas são Pelotas (10 mil pontos), Rio Grande (5 mil), Canguçu (2,8 mil), São José do Norte (1,5 mil) e São Lourenço do Sul (1 mil).
— Nossas equipes estão mobilizadas, reduzimos cada vez mais o número de pessoas sem energia, mas não podemos dar uma estimativa de quando todo o trabalho será concluído. Estamos trabalhando forte para que seja o mais rápido possível — afirmou o superintendente comercial da CEEE Equatorial, Sergio Oliveira.