As fortes chuvas que atingiram parte do Paraná e Santa Catarina desde 26 de novembro seguem provocando transtornos àqueles que precisam trafegar pelo Sul do país. Segundo a Defesa Civil catarinense, o tempo de deslocamento entre os três Estados do Sul foi ampliado em até 12 horas dependendo da localidade.
Conforme o Sindicato das Empresas de Transportes de Carga e Logística no RS (Setcergs), levantamento do órgão correlato no Paraná (Setcepar) apontou aumento de 30% nos custos para os transportadores com a elevação do tempo de deslocamento nas estradas.
Oito dias após o deslizamento de terra no quilômetro 669 da BR-376, em Guaratuba, no Paraná, o trecho segue com bloqueio total e sem previsão de liberação, conforme a concessionária Arteris Autopista Litoral Sul, que administra o trecho. Duas pessoas morreram na queda da barreira e 12 sobreviveram. As buscas por vítimas foram encerradas na sexta-feira (2). A rodovia é a principal ligação entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul com o restante do país.
Como alternativa à BR-376, para transitar entre Joinville e Curitiba, o aumento do fluxo de veículos na travessia de ferry boat na baía de Guaratuba também ocasionou a implementação de restrições definidas pela concessionária Internacional Marítima, que administra a travessia de balsa. Entretanto, caminhões com mais de 26 toneladas não podem utilizar o serviço.
Em Santa Catarina, os bloqueios ocorrem na BR-101, na região do Morro dos Cavalos, em Palhoça, com trânsito em meia pista no sentido Sul. Conforme a Arteris, na noite desta terça-feira havia fila de sete quilômetros no sentido a Curitiba e de quatro quilômetros em direção a Porto Alegre. O trecho também é uma importante ligação entre a capital gaúcha e Florianópolis.
Conforme o vice-presidente do Setcergs, Diego Tomasi, as empresas de transporte vêm registrando até dois dias de atraso nas viagens entre São Paulo e o RS. Ele explica que o acréscimo das despesas ao setor se deve tanto ao tempo que os transportadores precisam permanecer em trânsito, o que eleva o preço do frete, quanto ao maior consumo de diesel nos veículos de carga.
— O que mais impacta é o transporte de equipamentos, alimentos e peças para montadoras gaúchas — elenca Tomasi.
Duplicação da BR-116 ajudaria
O representante do Setcergs salienta que a duplicação da BR-116 entre Santa Catarina e Caxias do Sul – uma demanda que a entidade já reivindica há algum tempo – poderia evitar que os transportadores dependessem demasiadamente da BR-101.
Diego Tomasi diz que os transportadores estão acompanhando a mobilização da concessionária Arteris. Ele pontua que houve uma sinalização da concessionária de que o trecho da BR-376 poderia ser liberado entre esta quarta (7) e quinta-feira (8). Questionada pela reportagem, a assessoria de comunicação da concessionária diz que ainda não tem essa previsão.
No Paraná, além da 376, conforme a Polícia Rodoviária Federal (PRF), até a noite desta terça-feira (6), seguiam os bloqueios parciais no quilômetro 42 da BR-277, em ambos os sentidos, e parcial no sentido São Paulo-Santa Catarina, no quilômetro 57 da BR-116, única via de acesso entre Paraná e RS no momento. Todos os trechos sem previsão de liberação total.
Em Santa Catarina, a BR-282 está bloqueada no quilômetro 22, em Santo Amaro da Imperatriz, e no quilômetro 34, em Águas Mornas, onde o trânsito segue em meia-pista. A BR-280 continua totalmente bloqueada desde a semana passada entre Corupá e São Bento do Sul.
De acordo com o coronel César de Assumpção Nunes, da Defesa Civil de SC, choveu 600 milímetros em sete dias sobre o Estado, o que vem dificultando o trabalho do órgão. Ele pontua que seguem ocorrendo deslizamentos de terra pontuais em diferentes localidades em decorrência de qualquer nova pancada de chuva.
— Aqueles que estão saindo do Rio Grande do Sul para Santa Catarina têm que planejar muito bem as viagens e ficar atentos aos comunicados das concessionárias CCR (BR-101 sul) e Arteris (BR-101 norte e BR-376) — aconselha.