Sistemas do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS) voltaram a apresentar instabilidade, o que levou à suspensão, nesta segunda-feira (19), de prazos processuais para evitar prejuízos às partes, por tempo indeterminado. A medida vale para as ações administrativas e judiciais que tramitam por meio dos sistemas Themis 1G e 2G, E-themis, Themis Admin e SEI. Processos que tramitam pelo e-proc seguem com os prazos fluindo, já que esse sistema não foi afetado. A expectativa é de tentar retomar a normalidade em até três dias. Uma auditora externa foi aberta para investigar a origem do problema.
Segundo o presidente do Conselho de Comunicação do TJ-RS, desembargador Antonio Vinicius Amaro da Silveira, as duas empresas que fornecem os equipamentos à corte, a Dell e a Oracle, estão dando suporte para resolver a situação. Além disso, conforme Silveira, os equipamentos atuais estão no prazo para serem substituídos, o que já vem acontecendo.
_ Os retornos e diagnósticos ainda não são precisos. Eles são amplos e nós não identificamos, não temos ciência adequada de qual é o local, qual é o equipamento onde há o problema. Por isso, a determinação de realização de uma auditoria independente, firmada por empresa contratada, que irá nos nortear sobre esse eventual defeito. Onde ele se encontra e, consequentemente, de quem é a responsabilidade. Porque nós temos várias empresas trabalhando, nos fornecendo equipamentos. Então, nós vamos identificar as responsabilidades até para poder cobrar de quem é de direito _ informa o desembargador.
Em 2021, a previsão de investimento pelo TJ-RS em informática é de R$ 46 milhões.
A instabilidade nos sistemas do Tribunal começou em 28 de abril, após um ataque hacker. Dados pessoais de servidores que estavam salvos em computadores foram perdidos, pois foi preciso resetar todas as máquinas dos foros e do TJ-RS. Os crimes estão sendo investigados pelo titular da Delegacia de Repressão aos Crimes Informáticos da Polícia Civil, delegado André Anicet, que disse que aguarda o resultado de perícias para tentar avançar nas investigações. Um promotor do Ministério Público também foi designado para acompanhar o caso.
Aos poucos, os sistemas voltaram a funcionar e os prazos foram retomados, até ocorrer essa nova instabilidade, que provocou outra suspensão. Silveira explica que o problema atual tem relação indireta com o ataque hacker:
- Este equipamento que houve a constatação de defeito agora não foi alvo do ataque hacker. O que nós concluímos é que ficou sobrecarregado. Em função da instabilidade dos outros, ele ficou operante. E fatalmente, em razão disso, apresentou defeito.
O problema, desta vez, ocorreu num banco de dados que armazena uma série de informações, como gravações de áudio e vídeo de audiências e sessões. Segundo o desembargador, com as demandas cada vez mais virtuais, aumentou-se o uso desses locais de armazenamento. O TJ-RS possui hoje, em termos de hardware e software, o que seria suficiente para receber alta carga de informação, mas que na prática, nunca tinha sido testado com volume expressivo.
GZH entrou em contato com as empresas Dell e Oracle, mas ainda não obteve retorno.