Para ajudar gestores públicos na tomada de decisões e facilitar o acesso da população a informações de interesse coletivo, o governo do Estado lançou, nesta quinta-feira (15), em Porto Alegre, um portal de dados geoespaciais sobre temas como saúde, educação, saneamento, logística e transporte. Composto por 1.032 mapas e painéis interativos, o Geoportal RS permite que qualquer pessoa visualize, em uma única plataforma digital, estatísticas até então difusas, produzidas por diferentes órgãos e nem sempre fáceis de encontrar.
A ferramenta também inclui a atualização da base cartográfica oficial do Rio Grande do Sul, que data da década de 1970. A partir de uma parceria com o 1º Centro de Geoinformação do Exército Brasileiro, estão sendo disponibilizadas imagens em alta resolução de uma área de 33 mil quilômetros quadrados, que abrange 70 municípios (Porto Alegre, Região Metropolitana e adjacências).
A iniciativa é resultado de um processo iniciado pelo governo federal em 2008, na tentativa de ordenar a geração e disseminação de dados do tipo no país. Desde então, teve início o processo de criação da Infraestrutura Estadual de Dados Espaciais (IEDE), que perpassou quatro governos no Rio Grande do Sul — de Yeda Crusius (PSDB), Tarso Genro (PT), José Ivo Sartori (MDB) e, agora, Eduardo Leite (PSDB) —, culminando no lançamento do Geoportal.
— É um projeto de Estado, que traz à tona uma nova cultura de uso de dados públicos. Começamos a trabalhar na ideia em 2010 e, graças a recursos do Banco Mundial, conseguimos finalmente entregar o marco zero. O objetivo é compartilhar informações de forma unificada e acessível a todos — explica o geógrafo Antonio Paulo Cargnin, diretor do Departamento de Planejamento Governamental da Secretaria Estadual de Planejamento, Orçamento e Gestão.
Somos levados a tomar decisões na administração pública, e uma das fragilidades que sempre identifiquei é a dificuldade de encontrar informações que nos orientem. Uma ferramenta como essa, com dados abertos, ajuda muito.
EDUARDO LEITE
Governador
Embora o portal ainda não esteja completo, o leque de opções é amplo. Ao acessar o site, pode-se verificar a localização de praças de pedágio, de escolas, de estabelecimentos agropecuários, de postos policiais, de estações de tratamento de água e esgoto e até de cemitérios. Os mapas mostram as malhas rodoviária, ferroviária e hidroviária do Estado e os pontos de travessia de balsa.
Também é possível descobrir como anda a cobertura de saúde bucal nos municípios, a taxa de mortalidade infantil, os índices educacionais e fazer uma série de cruzamentos. Para ajudar quem não tem intimidade com pesquisas na internet, os técnicos ainda criaram painéis pré-formatados (veja os detalhes no fim do texto).
O catálogo oferecido, conforme a gerente do projeto, Maria do Socorro Barbosa, é o mais recente disponível, tem fontes certificadas e pode ser baixado e arquivado (para estudos acadêmicos, por exemplo). Outro ponto positivo é a possibilidade de comparar itens. Quanto à manutenção do site — um dos principais desafios da proposta daqui para frente —, Maria garante que não haverá problemas.
Esse é um projeto que começou há alguns anos, e é muito importante que esteja sendo lançado agora, porque se trata do início de uma política de dados abertos que pretendemos ampliar e aprofundar.
LEANY LEMOS
Secretária de Planejamento, Orçamento e Gestão
— A nossa intenção é de que os números sejam atualizados sempre que possível pelos próprios órgãos de origem. O sistema foi desenvolvido para isso, e nós já capacitamos as equipes. Entendemos que manter o portal em funcionamento, além de ser importante pela questão da transparência, é uma forma de evitar desperdício de dinheiro público. Muitos órgãos acabavam adquirindo dados que já existiam em outros setores, porque não se tinha conhecimento — diz.
Além de garantir a atualização do portal, os responsáveis pela iniciativa afirmam que já há planos para ampliar o manancial de dados, com a inserção de novos itens, em especial relacionados ao meio ambiente.