Destelhado no vendaval do último dia 9, o Instituto Penal de Uruguaiana segue interditado e sem previsão para reabrir. Com isso, 160 dos 200 detentos do abrigo foram liberados para irem para suas residências por determinação da Vara de Execuções Criminais (Vec). Os demais, por responderem a crimes mais graves, foram encaminhados à Penitenciária Modulada na cidade, exclusiva para regime fechado.
O agente penitenciário Paulo César explica que equipes fazem, diariamente, rondas nas casas dos apenados, para verificar se eles cumprem a determinação de prisão domiciliar.
— Eles têm que ficar o tempo todo em casa. Se a equipe chegar e não estiver, é considerado foragido.
Mesmo com o controle, 16 dos 160 apenados que estão em regime domiciliar descumpriram essa determinação. A Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) não especificou que tipo de infração cada um deles cometeu, mas as ocorrências vão desde não estar no domicílio no momento da inspeção e até prisões em flagrante por novos crimes.
Devido à infração, eles perderam o benefício da prisão domiciliar e ainda regrediram de regime, sendo encaminhados ao presídio da cidade.
Obra custará R$ 115 mil
Um levantamento do departamento de engenharia do governo do Estado aponta que o custo para recuperação da casa penitenciária é de R$ 115 mil. A Susepe afirma que a obra ainda não iniciou porque precisa passar pelo processo licitatório de contratação de uma empresa terceirizada para realizar a reforma.
A estrutura do instituto foi abalada por rajadas de vento que chegaram a 120 km/h, segundo a Defesa Civil, e que deixaram 20 mil pontos sem luz na cidade por mais de cinco dias. Dentro dos muros do prédio, a visão é de celas vazias em frente a tijolos espatifados pela queda de um alicerce de concreto.
Em duas alas, as telhas foram arrancadas, abrindo espaço para a água que infiltra e deteriora ainda mais o teto do antigo prédio. Parte do forro cedeu com as chuvas no dormitório dos agentes, na área administrativa.
Antes da interdição, o albergue funcionava em sistema semiaberto e fechado. O agente Paulo César explica que cerca de 70 detentos saiam para trabalhar durante o dia, retornando ao abrigo apenas para dormir.
No cercado de muros altos com arames farpados em forma de espiral e grades de ferro enferrujadas pela exposição à umidade, o agente revela que o ambiente é de tensão constante.
— Como qualquer cadeia em meio à cidade, há fugas. Todo dia a gente vem trabalhar e não sabe direito o que espera.
Reforço policial
O governador Eduardo Leite visitou o instituto no último dia 12, quando anunciou reforço no efetivo policial da cidade, visando coibir uma possível onda de crimes com a saída dos detentos.
O que se vê nas avenidas movimentadas pelo comércio do Centro de Uruguaiana são caravanas de viaturas da Força Gaúcha de Pronta Resposta, formada por policiais da reserva e civis aposentados. A sensação de segurança aumentou, segundo a percepção do garçom Rafael Aramburu:
— A Força passa aí na avenida o tempo todo, mais que antes — constatou.
A Secretaria de Segurança Pública informa que, além de reforçar agentes da Susepe, foram enviados ainda 25 policiais militares para o município.