A mudança de endereço devido a enchentes nem sempre significa a retirada de famílias de suas casas. Em Uruguaiana, na Fronteira Oeste, a Defesa Civil utiliza de um expediente pouco comum: residências de madeira com estrutura resistente são transportadas, içadas por um guindaste ou arrastadas por uma retroescavadeira.
A medida foi colocada em prática sete vezes na cidade nos últimos dias. A aposentada Maria Luísa Severo Aldana, 61 anos, que vivia na Rua Borges de Medeiros, desde o dia 11 mora na Rua General Propício.
— Eles (Defesa Civil) vieram com um guincho, levantaram a casa e colocaram num caminhão. Não tinha o que fazer, a água já estava entrando — relata.
O imóvel de peça única tem 12 metros. Enquanto Maria Luísa dorme em uma cama de solteiro, o filho Paulo Roberto, 33 anos, deita no chão de tábuas. Um fogão, uma pia improvisada e uma TV antiga, com caixa em madeira e botão seletor de canais, completam a humilde residência. No telhado, uma lona cobre os furos. O terceiro filho da aposentada, Vanderlei, 28 anos, dorme no carro da família, um Santana 1986 bordô.
Em frente às casas, a prefeitura colocou banheiros químicos que atendem aos novos moradores.