A economia de Uruguaiana também foi atingida pelas fortes chuvas que atingem o Rio Grande do Sul. A extração de areia, uma das atividades mais fortes na mineração do município, está paralisada devido à alta do Rio Uruguai.
Dono de uma das duas empresas que retiram o minério no município, Luiz Augusto Schneider afirma que, desde o dia 9 de janeiro, a sua areeira não tem qualquer tipo de operação.
– Estamos há 10 dias inviabilizados pela enchente – afirma o sócio-proprietário.
Os sete funcionários da Areeira Schneider, sediada às margens do rio, estão trabalhando exclusivamente na manutenção dos equipamentos. O empresário reconhece as dificuldades, mas reluta ao falar em demissões.
– O barco que faz a extração está atracado. Os trabalhadores estão fazendo manutenção em nossas máquinas e estamos tentando não demitir ninguém.
Cerca de 700m da Rua dos Andradas estão intransitáveis para veículos terrestres. O local costuma receber caminhões que fazem o recolhimento da areia extraída e depositada às margens do arroio. O que se vê hoje é uma embarcação encalhada há mais de uma década, palco de ensaios para adolescentes prestes a realizar as bodas de 15 anos e famílias que pescam apoiadas nos meios-fios da via encoberta pelas chuvas.
Outra exploradora do suprimento, a Areeia Vitória também está com as demandas desassistidas. O prejuízo pelo período sem produção, com os depósitos submersos, chega a R$ 30 mil. Nos 74 anos que a indústria funciona, passada de geração a geração, as inundações afetaram os negócios em ao menos três oportunidades. A concorrência da areia trazida de Rosário do Sul e de Itaqui impacta no comércio local.
Na área urbana de Uruguaiana, ruas, calçadas, prédios e obras em curso comprovam o que afirma um dos maiores empresários do ramo de venda de materiais de construção. Jair Luncks, dono da Missões Materiais de Construção, afirma que o que é retirado das terras de Uruguaiana não consegue suportar a demanda dos construtores.
– São cerca de 300 metros cúbicos de areia por dia vendidos no comércio na cidade. E para isso temos que trazer das cidades vizinhas, arcando com o custo do transporte ou contratando um frete – relata o empresário.
Com o valor do metro cúbico variando em torno de R$ 60, segundo Luncks, seriam movimentados R$ 18 mil por dia na cidade somente na venda de areia para empreiteiras e para quem constrói pequenas edificações.
Coordenador municipal da Defesa Civil, Paulo Rosa Woutheres explica que, de fato, o Rio Uruguai inicia 2km à frente. O que a reportagem de GaúchaZH verificou são plantações de arroz inundadas. O bairro Mascarenhas de Moraes, um dos mais afetados pelas precipitações, segue tendo moradores retirados de casa pela Defesa Civil.
– O rio pode subir neste domingo (20), mas vamos torcer para que não chova nas cabeceiras, como nos últimos dias – comenta Woutheres.
As autoridades seguem alertas: 90 pessoas estão fora de casa em Uruguaiana, número que aumentou neste sábado, com a retirada de famílias que vivem próximas dos cursos d'água.