Prestes a completar duas semanas de aguaceiro intercalado com poucos períodos de estiagem, o Rio Grande do Sul tem 7.496 pessoas fora de casa em razão do mau tempo na manhã deste domingo (20). O número segue o mesmo divulgado pela Defesa Civil no fim da tarde de sábado (19). São 5.850 desalojados (estão em casa de amigos ou parentes) e 1.646 desabrigados (transferidos para abrigos públicos). Dezesseis cidades já decretaram situação de emergência. De acordo com o órgão, com a diminuição da chuva, a expectativa é de que os números parem de crescer.
Ao todo, 24 municípios registraram estragos causados pela chuva. Alegrete, na Fronteira Oeste, segue sendo a cidade com mais pessoas fora de casa — 6.094. A cheia do Rio Ibirapuitã é o principal problema no município. Por volta das 17h deste sábado, o nível do rio estava 11,40 metros acima do normal. Segundo a Defesa Civil do município, com 8,54 metros, o Ibirapuitã já atinge a primeira cota de inundação na cidade.
— O rio está baixando, mas lentamente — observou a coordenadora da Defesa Civil de Alegrete, Maysa Moreira, neste sábado.
Maysa destacou que a prefeitura de Alegrete segue recebendo doações para auxiliar as famílias afetadas pela enchente. Alimentos não perecíveis, produtos de limpeza e de higiene pessoal, fraldas e colchões são os materiais prioritários. A Defesa Civil estadual encaminhou mais uma carga de suprimentos ao município neste sábado.
Rosário do Sul, também na Fronteira Oeste, é o segundo município com mais pessoas retiradas de casa, totalizando 647 — 479 desalojados e 168 desabrigados. O nível do Rio Santa Maria estava em 6,64 metros neste sábado, mas a tendência é de que ele suba nas próximas horas, conforme o coordenador da Defesa Civil na cidade, Iran Najar:
— Choveu bastante em Dom Pedrito. Essa água deve descer para Rosário do Sul nas próximas horas, aumentando o nível do rio.
Uruguaiana também segue em alerta em relação à cheia do Rio Uruguai. Segundo o coordenador da defesa civil municipal, Paulo Rosa Whoutheres, as remoções feitas neste sábado foram principalmente nos bairros Santo Antônio, Mascarenhas de Moraes e Cabo Luis Quevedo:
— São áreas ribeirinhas, nas quais a água tem subido muito.
Beti Alves, 58 anos, mora na rua dos Andradas, bairro Mascarenhas de Moraes, ao lado de onde antes passavam caminhões. Hoje, a via está coberta pelas águas. Ela tem visto a evolução da cheia no rio Uruguai.
— O rio está subindo. Acordei às 7h da manhã (no sábado) e vi que já está mais alto que ontem.
Algumas casas estão alagadas no local que, segundo a Defesa Civil, sofre frequentemente com enchentes.
Falta de luz no sul do Estado
Em razão do temporal que atingiu a região na noite de sexta-feira (18), 6,7 mil clientes do Sul do Estado seguem sem luz na manhã deste domingo (20). Conforme a CEEE, são 3,9 mil na região de Pelotas e 2,8 mil em Rio Grande. Ainda não há previsão para restabelecimento do serviço nessas áreas.
Previsão do tempo
O fim de semana começou com muitas nuvens e alguns pontos de chuva no Rio Grande do Sul, mas a instabilidade deve perder força no domingo (20). A nebulosidade predomina, principalmente na região Noroeste do Estado. No Litoral Norte haverá pancadas de chuva com intensidade fraca, por conta dos ventos úmidos que vêm do oceano.
No sábado, a Marinha divulgou um comunicado no qual alertava que a passagem de uma frente fria poderia provocar ventos fortes, de até 75 km/h, nas proximidades do litoral do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina até o final da manhã de domingo. Por conta disso, o mar poderá ter ressaca, com ondas de até três metros de altura.
Como ajudar
Com a persistência do mau tempo, a Defesa Civil alerta para a necessidade de doações. Abaixo, veja os principais pontos de coleta:
- A Defesa Civil estadual orienta que as pessoas que querem fazer doações aos moradores de municípios mais afetados devem procurar as prefeituras dessas cidades.
- Quem mora em Porto Alegre ou na Região Metropolitana e não pode se deslocar até essas cidades, pode entregar os objetos na Central de Doações da Defesa Civil do Rio Grande do Sul, na Avenida Borges de Medeiros, 1.501, nas dependências do Centro Administrativo Fernando Ferrari. O local funciona de segunda a domingo, das 8h30min às 18h.
- Produtos de higiene pessoal e de limpeza, roupas e alimentos não perecíveis estão entre os artigos de maior necessidade.
- Os quartéis do Corpo dos Bombeiros Militar de todo o Estado estão recebendo mantimentos para encaminhar aos desabrigados. Conforme as unidades recebem as doações, os lotes são enviados aos municípios em situação de emergência.
- Os principais produtos arrecadados nos quartéis são alimentos, água potável, colchões, material de higiene e limpeza, fraldas geriátricas e infantis e roupas de roupas de cama, mesa e banho.
- Em caso de adversidade ou para mais informações, contatar a Defesa Civil pelo telefone 199.