O forte temporal que atingiu o Rio Grande do Sul neste domingo (1º), com rajadas de vento entre 100km/h e 120km/h, causou estragos em 21 cidades e deixou pelo menos duas mortes, quase mil casas destelhadas, 19 regiões de Porto Alegre sem água e mais de 600 mil clientes sem luz – na manhã desta segunda-feira (2), o número de residências sem eletricidade caiu para 228 mil. Foi a tempestade mais forte desde janeiro de 2016 na Capital, segundo a prefeitura.
A primeira morte devido ao temporal ocorreu na tarde de domingo, na RS-155, entre Ijuí e Santo Augusto, no Noroeste. Albino de Jesus, 65 anos, foi atingido por uma árvore que caiu sobre o para-brisa do Siena que dirigia. A vítima, que morava em Ijuí, não resistiu aos ferimentos e morreu no local do acidente.
A segunda ocorreu na manhã desta segunda-feira (2), quando uma mulher foi decapitada por um fio caído, em Sapiranga, no Vale dos Sinos. Ela estava na carona de uma motocicleta com o marido, que não ficou ferido.
Conforme a Defesa Civil, Ijuí e Montenegro foram os municípios com os maiores prejuízos materiais, com 300 casas destelhadas cada um. Cerca de 975 residências foram atingidas, mas o número pode aumentar, uma vez que as prefeituras de Porto Alegre e Santo Ângelo ainda não informaram quantas residências tiveram prejuízos.
Três famílias de Bagé, Uruguaiana e São Pedro da Serra precisaram deixar suas residências por causa do temporal. Há também registros de transtornos em Arroio do Meio, Cachoeira do Sul, Canudos do Vale, Ernestina, Harmonia, Júlio de Castilhos, Lajeado, Mato Queimado, Santa Cruz do Sul, Santo Ângelo, São Miguel das Missões, Soledade, Tupanciretã e Venâncio Aires.
Em Júlio de Castilhos, 800 jovens estão sem aula nesta segunda-feira. A dona de casa Mara Vilanova, moradora do bairro Independência, viu o telhado de casa ser completamente arrancado pelo vento.
Em São Luiz Gonzaga, a Expo São Luiz, feira que realizaria seu último dia neste domingo, precisou ser interrompida em função da chuva e dos ventos fortes, conforme o Corpo de Bombeiros. Houve queda de árvores e destelhamentos no município.
Moradores de Cruz Alta registraram imagens de pavilhões destruídos na FenaTrigo, devido aos ventos fortes do temporal. As lonas vieram abaixo. A feira também precisou ser interrompida.
Em Panambi, os bombeiros distribuíram lonas por conta dos destelhamentos e, de acordo com o relato à reportagem, o material acabou.
Na Capital, circo e ginásio da BM desabam enquanto concerto da Ospa é interrompido
Em Porto Alegre, as rajadas de vento ultrapassaram os 100km/h e a prefeitura chegou a emitir alerta para que as pessoas não saíssem de casa. O vendaval derrubou a estrutura de um circo no bairro Praia de Belas, onde havia 70 espectadores. Um dos proprietários do circo foi socorrido e encaminhado ao hospital após passar mal em razão do incidente. Até o momento, não há registro de feridos.
Ao menos 32 ruas ficaram bloqueadas com árvores e 11 linhas de ônibus precisaram fazer desvio nas rotas. Segundo o secretário de Serviços Urbanos de Porto Alegre, Ramiro Rosário, a desobstrução das vias é a prioridade da prefeitura.
Ainda na Capital, a ventania arrancou parte do telhado do Ginásio da Brigada Militar. Um sargento estava no local, mas ele não ficou ferido. Uma avaliação mais detalhada será feita pelo engenheiro da Brigada Militar nesta segunda-feira, mas já foram identificadas avarias também nas salas de lutas, musculação, ginástica e quadra poliesportiva. O prédio foi totalmente isolado, assim como áreas externas próximas à estrutura. As alterações, porém, não deverão afetar o tráfego de veículos na Avenida Ipiranga e Rua Silva Só.
O temporal também interrompeu o Concerto da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (OSPA) que ocorria no Jardim Botânico. Parte do palco e uma tenda cederam com o temporal. Conforme relatos, algumas pessoas chegaram a se deitar na grama para evitar raios.
A tempestade chegou a derrubar a estrutura de uma revenda de veículos na Avenida Aparício Borges, zona leste de Porto Alegre.
Uma família que mora na Rua Orfanatrófio, na Capital, relatou que uma árvore caiu sobre a mesa segundos após a família terminar a refeição. Ninguém ficou ferido.
Cerca de 19 regiões, abastecidas pelo Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae) ficaram sem água devido à falta de luz. A previsão é de que o retorno ocorre ainda nesta segunda-feira, mas pode haver demora maior nas áreas altas e nos bairros mais afastados da rede de distribuição.
A única Estação de Tratamento de Água (ETA) que ainda está sem luz é a da Ilha da Pintada. Nas demais localidades, a energia elétrica já foi reestabelecida, mas o serviço ainda não foi normalizado. O Dmae explica que os reservatórios precisam encher o suficiente para bombear a água para a rede distribuidora.
As estações da Trensurb ficaram fechadas entre as 22h30min de domingo e as 9h45min desta segunda devido à queda de uma árvore na estação São Leopoldo. No município, 60 casas foram destelhadas – os bairros mais afetados foram São Miguel e Vicentina.
A Defesa Civil informou uma lista de lugares que recebem doações para desabrigados. Qualquer informação ou pedido de auxílio podem ser encaminhados pelo telefone 199.
Para esta segunda, a previsão é de um pancadas isoladas de menor intensidade no Rio Grande do Sul. As temperaturas diminuem por causa da mudança na direção dos ventos e na parte da tarde os termômetros não sobem muito.
Veja como foi a cobertura dos estragos causados no Estado pelo temporal.