Metade do telhado do Ginásio da Brigada Militar (BM), no cruzamento da avenida Ipiranga com a Rua Silva Só, em Porto Alegre, foi destelhado com a força do vento que atingiu a cidade, no início da noite deste domingo (1º). No centro da quadra de futebol de salão do complexo, pedaços de madeira, telhas e tijolos ficaram espalhadas. No momento do incidente, apenas o sargento Eder Escobar, 49 anos, estava no local. Ele trabalhava como plantonista no estabelecimento e não ficou ferido.
O sargento disse que começou a ouvir barulhos nas paredes e no teto do ginásio, por volta de 19h, e foi até a quadra para verificar a situação, pois uma primeira rajada de vento havia levantado algumas telhas do local. Nesse momento, parte da estrutura desabou:
— Veio uma rajada bem mais forte que levantou uma parte do telhado. Ele levantou e depois foi abaixo todo — descreveu.
Como primeira reação, o sargento desligou a energia do ginásio para evitar incidentes com fios de alta tensão. A BM acionou a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) para fazer o isolamento de trechos Avenida Ipiranga e da Rua Silva Só, onde havia risco de desabamento.
— Solicitamos a presença da EPTC para isolar o lado da Silva Só, porque ficou uma parede alta sem sustentação. Também tem que isolar um pedaço da Ipiranga, pois um novo vento pode fazer a parede cair — alertou o policial militar.
O temporal durou pouco na Capital, mas a alta intensidade dos ventos e o grande volume de chuva causaram diversos estragos. Conforme dados do Centro Integrado de Comando (Ceic), choveu 30,6 mm no bairro Tristeza, 26,8 mm no Centro e 24,9 mm no bairro Sarandi. A média histórica do volume de chuva em Porto Alegre para todo o mês de outubro é de 114,3 mm. Até 20h30min de domingo (1º), a prefeitura registrava 32 ocorrências com árvores e nove de postes bloqueando vias.
Nas proximidades do estádio Beira-Rio a cobertura do Circo da Rússia, que está na Capital há duas semanas, caiu com as fortes rajadas de vento. Cerca de 70 pessoas estavam no interior do local no momento do incidente, mas não havia registro de feridos, pois a maioria dos que sofreram algum tipo de lesão foram para hospitais ou postos de saúde por conta própria, segundo a Polícia Civil, o que dificulta levantamento de machucados. A área foi isolada pelos Bombeiros e pela polícia para o serviço da perícia, que deverá ser realizada nesta segunda-feira (2).
Ao longo da Ipiranga, no sentido centro-bairro, era possível ver o rastro de destruição do temporal. Pedaços de árvores na pista, sinaleiras desligadas, pedaços de placas de publicidade na via mudavam o cenário da avenida.
Próximo ao cruzamento com a Rua Vicente da Fontoura, um outdoor de uma revenda de veículos caiu sobre uma casa, que estava vazia. A placa atingiu parte da entrada do imóvel, causando apenas danos materiais. O dono da casa, o aposentado Mario Souza, 64 anos, que mora com a mulher e um neto, disse que estava em Canoas.
– Ainda bem que não tinha ninguém dentro da casa quando a placa desabou. Ela caiu bem no local onde costumo deixar meu carro - afirmou o aposentado.
A tempestade também interrompeu o Concerto de Primavera da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Ospa), que era executado no anfiteatro do Jardim Botânico. Parte do palco e uma tenda cederam com o temporal. Segundo a assessoria de imprensa da entidade, ninguém se feriu.