Uma morte, casas destelhadas, postes caídos e árvores sobre rodovias. Esses são alguns dos estragos causados pelo temporal que atingiu parte do Rio Grande do Sul, com rajadas de vento entre 100 km/h e 120 km/h, entre a tarde e o início da noite deste domingo (1º).
O caso mais grave foi registrado na RS-155, entre Ijuí e Santo Augusto, no Noroeste, no período da tarde. Albino de Jesus, 65 anos, foi atingido por uma árvore que caiu sobre o para-brisa do Siena que dirigia. A vítima, que morava em Ijuí, não resistiu aos ferimentos e morreu no local do acidente.
De acordo com balanço da Defesa Civil, atualizado na madrugada desta segunda (2), o temporal destruiu total ou parcialmente o telhado de ao menos 879 casas. 22 municípios apresentam problemas. Na noite de domingo, pelo menos 640 mil imóveis estavam sem luz no Rio Grande do Sul.
Em Porto Alegre, a chuva forte durou cerca de uma hora, mas sua intensidade e a ventania foram o suficiente para causar prejuízos, principalmente na região central da cidade. Conforme dados do Centro Integrado de Comando (Ceic), choveu 30,6mm no bairro Tristeza, 26,8mm no Centro e 24,9mm no bairro Sarandi. A média histórica do volume de chuva em Porto Alegre para todo o mês de outubro é de 114,3mm. Até 20h30min, a prefeitura registrava 32 ocorrências com árvores e nove de postes bloqueando vias.
A estrutura do Circo da Rússia, no bairro Praia de Belas, desabou com a força do vento. No momento, cerca de 70 pessoas assistiam ao espetáculo. Segundo a Polícia Civil, não havia registro de feridos em razão da queda da cobertura. Chapas de metal retorcido, lona no chão, pedaços da estrutura elétrica espalhados pelo terreno e funcionários abalados com o susto marcavam o cenário de destruição. Um dos proprietários do circo passou mal e foi encaminhado a um hospital.
Thamiell Ferrare, 29 anos, gerente-geral do circo, disse que a estrutura metálica que dá sustentação à cobertura caiu aos poucos, o que permitiu a saída das pessoas antes do desabamento total:
– Foi questão de dois, três segundos e a estrutura começou a cair. Foi tudo muito rápido. Quando começou a balançar, pedimos para o pessoal sair. Graças a Deus ninguém se feriu gravemente.
O Ginásio da Brigada Militar (BM), no cruzamento da Avenida Ipiranga com a Rua Silva Só, teve metade seu telhado arrancado. No centro da quadra de futebol de salão do complexo, pedaços de madeira, telhas e tijolos ficaram espalhados. No momento do incidente, estava no local apenas o sargento Eder Escobar, 49 anos, que não se feriu.
O sargento disse que começou a ouvir barulhos nas paredes e no teto do ginásio, por volta de 19h, e foi até a quadra para verificar a situação, pois uma primeira rajada de vento havia levantado algumas telhas. Foi então que parte da cobertura foi ao chão:
– Veio uma rajada bem mais forte que levantou uma parte do telhado. Ele levantou e depois foi abaixo todo – descreveu.
Como primeira reação, o sargento desligou a energia do local para evitar incidentes com fios de alta tensão. A BM aguardava a chegada da EPTC para fazer o isolamento de trechos das vias no entorno.
– No lado da Silva Só, porque ficou uma parede alta sem sustentação. Também tem que isolar um pedaço da Ipiranga, pois um novo vento pode fazer a parede cair – alertou o policial militar.
Rodovias bloqueadas e eventos interrompidos
Ao longo da Ipiranga, no sentido centro-bairro, era possível ver o rastro de destruição do temporal. Pedaços de árvores na pista, sinaleiras desligadas, partes de placas de publicidade na via mudavam o cenário da avenida. Perto do cruzamento com a Rua Vicente da Fontoura, um outdoor de uma revenda de veículos caiu sobre uma casa, que estava vazia. O dono da moradia, o aposentado Mario Souza, 64 anos, que vive com a mulher e um neto no imóvel, estava em Canoas.
– Ainda bem que não tinha ninguém dentro da casa quando a placa desabou. Caiu bem no local onde costumo deixar meu carro – disse o aposentado.
A tempestade também interrompeu o Concerto de Primavera da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Ospa), que era executado no anfiteatro do Jardim Botânico. Parte do palco e uma tenda cederam. Segundo a assessoria de imprensa da entidade, ninguém se feriu.
Em São Luiz Gonzaga, a Expo São Luiz, feira que realizaria seu último dia no domingo, foi interrompida, conforme o Corpo de Bombeiros. Moradores de Cruz Alta registraram imagens de pavilhões destruídos na FenaTrigo, devido aos ventos fortes do temporal. As lonas vieram abaixo. A feira também precisou ser fechada. Em Panambi, os bombeiros distribuíram lonas por conta dos destelhamentos.
A chuva também causou transtornos em rodovias. Por volta das 23h de domingo (1º), pontos da BR-290, em Pântano Grande, estavam com bloqueios parciais na pista por causa da queda de árvores.