Com dificuldades para fechar o caixa sem déficit no primeiro trimestre deste ano, a prefeitura de Caxias do Sul vai anunciar, na próxima semana, cortes em horas extras de servidores, redução de jornadas de trabalho e outras medidas de contenção de gastos. Se a situação financeira do município não melhorar, o Executivo estuda o parcelamento dos salários dos funcionários públicos no final do ano.
De acordo com o prefeito Alceu Barbosa Velho (PDT), não há expectativas de melhorar a arrecadação de tributos como ICMS e ISSQN. Ele atribuiu a crise econômica da maior cidade da Serra à "irresponsabilidade nacional da Presidência, do Congresso e dos partidos":
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- Estão se lixando para o Brasil. A possibilidade (de parcelamento de salários) é remota, mas existe. O orçamento cai vertiginosamente a cada mês. É impressionante a diminuição.
Em 2014, Alceu tomou medidas semelhantes, exceto o pagamento fracionado de salários, para compensar o rombo na arrecadação de ICMS. Agora, segundo ele, será um aperto mais forte. Neste ano, o prefeito já anunciou que não há como garantir a execução de todas as obras do Orçamento Comunitário (OC), que beneficiam principalmente as áreas mais carentes de Caxias.
- As projeções dificultam melhorias. Precisamos fazer o possível agora para não deixar a situação ficar como Brasília - afirma Alceu.
"Paramos na hora"
O coordenador do OC, José Dambros, informou que para concluir todas as obras, seria necessário um investimento de R$ 50 milhões. A previsão inicial para 2016 era repassar R$ 14 milhões para o programa, pouco mais de um quarto do necessário. Já a transferência de recursos municipais para o transporte escolar e os hospitais da cidade está garantido, conforme a prefeitura.
Presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Caxias do Sul (Sindiserv), João Dorlan da Silva assegura que os funcionários do Executivo paralisam imediatamente as atividades se tiverem atrasos para receber os salários. Ele acredita que o prefeito faz uma "bravata" ao cogitar a hipótese:
- Se fizer isso, assina um atestado de incompetência. Atrasou um dia, paramos na hora, não tem conversa. Não aceitamos chantagem e terrorismo. Se ele acha que vai seguir os passos do governador (José Ivo Sartori), está muito enganado.